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Desafios no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata: Ações de Enfermagem

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A próstata consiste em uma glândula masculina que fica abaixo da bexiga e em frente ao reto, formando um anel ao redor da uretra e sua função é secretar o liquido que aumenta a mobilidade e fertilidade do espermatozoide; o câncer de próstata ocorre quando as células normais da próstata se transformam em células anormais e ficam fora de controle. O câncer de próstata está entre a neoplasia mais comum em homens em todo o mundo, com uma estimativa de 1.600 milhões de casos, sendo que no Brasil, estimam-se cerca de 65.840 casos novos de câncer por ano.

O principal fator de risco é o aumento da idade e sabe-se que sua incidência aumenta de forma significativa a partir dos 50 anos; além disso, o histórico familiar em ambos os lados da família com diagnóstico abaixo dos 65 anos, obesidade, mutações genéticas como o BRCA1/2 e mutação de Lynch, raça (maior possibilidade em negros e em ascendentes judaicos Ashkenazi).

Na idade idosa dos homens, pode haver o crescimento da próstata, o que acarretará em sintomas percebidos pelos pacientes: dor e ou dificuldade para urinar, diminuição do jato da urina, com necessidade de urinar mais vezes ao longo do dia e da noite para esvaziar a bexiga e sangue na urina. Por isso é fundamental que o paciente compartilhe com a sua equipe de saúde, caso apresente qualquer um desses sintomas.

O diagnóstico do câncer de próstata permite o acompanhamento do homem pela equipe de saúde para proposição das terapêuticas mais assertivas para qualidade de vida, cura ou maior tempo de sobrevida. A avaliação inclui a análise da elevação do antígeno prostático específico (PSA) em testes laboratoriais e a presença de algum achado anormal ao ser realizado o exame retal digital (toque retal), verificando a necessidade de exames complementares caso haja alguma anormalidade. O diagnóstico precoce do câncer de próstata possibilita tratamentos mais eficazes.

A prática clínica do enfermeiro contempla intervenções que abrangem o período de diagnóstico do câncer de próstata, tratamentos (radioterapia, cirurgia, hormonioterapia/quimioterapia e cuidados paliativos). É importante uma assistência de enfermagem não apenas durante a descoberta do câncer de próstata, mas também no decorrer de todo o processo do tratamento, pois a qualidade deste serviço proporciona o bem-estar físico, psicológico para o paciente e equipe de enfermagem.

Tratamento

A cirurgia para remoção da próstata é um dos pilares dos tratamentos para o câncer de próstata. Os enfermeiros devem participar ativamente das etapas de preparo do paciente para a realização do procedimento, assim como o acompanhamento desse paciente no período pós cirúrgico imediato e tardio. O enfermeiro traz informações sobre os cuidados pré-operatórios (jejum cirúrgico, risco de quedas, remoção de adornos e próteses, orientação sobre medicamentos de uso diário) e do banho pré-operatório para diminuição do risco de infecção cirúrgica, efeitos da anestesia e o uso de sonda na bexiga durante o pós-operatório. Pela proximidade do paciente, cabe ao enfermeiro identificar as necessidades humanas de ansiedade, medo e esclarecer ao paciente e sua família todas as dúvidas. Ainda, o paciente pode ter no pós-operatório tardio algumas complicações esperadas como perda da urina e impotência sexual que também são passíveis de acompanhamento e reabilitação por equipes especializadas de enfermeiros em ambulatórios de grandes centros de saúde.

A quimioterapia é o tratamento com uso de medicamentos para destruir o câncer. Dentre os efeitos colaterais podem acontecer:  aumento ou diminuição do peso, náuseas, vômitos, queda de cabelo, fraqueza e tontura. O enfermeiro está presente para realizar intervenções e orientações para os efeitos colaterais provocados pela quimioterapia.

A radioterapia utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células do câncer que formam um tumor. Pode envolver a teleterapia (radioterapia externa) ou a braquiterapia. Cada sessão dura alguns minutos, mais o tempo de posicionamento do paciente. E os efeitos colaterais mais comuns são diarreia, aumento da frequência urinária, ardor ao urinar, sensação de bexiga cheia e sangue na urina. Já a braquiterapia envolve a aplicação de pequenas sementes radioativas colocadas na próstata, de forma temporária ou permanente. A equipe de enfermagem possui papel determinante nos cuidados às pessoas que realizam tratamento com radioterapia, destacando-se a prevenção, minimização e/ou tratamento de efeitos adversos resultantes da aplicação do tratamento.

Os cuidados paliativos são uma abordagem de cuidados de saúde centrados no paciente, em sua família/cuidadores, para cuidar de sintomas que afetam a qualidade de vida, de forma individual, independente do estágio da doença ou da necessidade de outras terapias.

Não apenas quando o câncer está avançado, o paciente pode desenvolver sintomas físicos e psicossociais (dor, falta de apetite, cansaço, enjoos, dificuldades no sono, falta de ar, ansiedade e depressão). Por isso, é importante relatar todos os sintomas ao médico, para que eles sejam tratados adequadamente.

Quando o tumor piora/cresce (progressão da doença) ou se espalha (metástase), novas medidas de tratamento devem ser discutidas, mas é importante saber que o cuidado paliativo pode oferecer suporte também nas tomadas de decisão. Vários fatores podem ser considerados: qualidade de vida, sentimentos sobre os sintomas e sobre como eles e os tratamentos possíveis podem afeta-los, crenças religiosas, custo do tratamento; cada paciente é único e deve pensar sobre o que é melhor para si.

Para todas estas etapas, há ainda a atuação do enfermeiro navegador em oncologia, que é o profissional responsável por toda jornada terapêutica do paciente,  desempenhando um importante papel para amenizar o impacto do diagnóstico e transpor barreiras que dificultam o acesso ao sistema de saúde e que, portanto, atrasam o tratamento, considerando todas as dimensões acima citadas, e empoderando o paciente quanto ao seu diagnóstico, tratamento e cuidados necessários para que haja celeridade e sucesso no tratamento.

Enfª Adriana Zancheta Sousa Costa
Enfª Edilene Coelho Duarte
Enfª Giovana Paula Rezende Simino
Enfª Luciana Lopes Manfredini
Enfª Maria Célia Laranjeira Rigonatto Bonizio
Enfª Simone Yuriko Kameo

 

REFERÊNCIAS

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  2. INCA, Instituto Nacional do Câncer. Estimativa de 2020 incidência de câncer no Brasil. 2019. Disponível: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020- incidencia-de-cancer-no-brasil.  Acesso em: 19 nov. 2021
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  10. National Comprehensive Cancer Network. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. Palliative care. Version 2.2021. Disponível em: https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/palliative.pdf . Acesso em: 19/11/2021.
  11. National Comprehensive Cancer Network. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. Prostate cancer. Version 1.2022. Disponível em: https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/pdf . Acesso em: 19/11/2021.
Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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