A Sociedade Americana de Câncer atualizou suas recomendações para a vacinação do papilomavírus humano (HPV). A nova diretriz estabelece que meninas e meninos com idades entre 11 e 12 anos devem receber a vacina. A decisão é baseada em novas evidências que mostram que vacinação no sexo masculino é eficaz na prevenção da infecção pelo HPV, e pode proporcionar uma proteção adicional para as mulheres.
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Além da inclusão da vacinação para meninos, as recomendações incluem a idade tardia da vacinação. As novas diretrizes recomendam a vacinação até os 26 anos de idade para aqueles que não tiverem recebido a vacina ou não tenham concluído a série, ainda que sua eficácia seja menor na redução do risco de câncer em idades mais avançadas.
As diretrizes completas foram publicadas no dia 19 de julho no CA: A Cancer Journal for Clinicians (em inglês). Clique no link para ler: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3322/caac.21355/abstract
O HPV, especialmente os HPVs 16 e 18, é o principal responsável pelos casos de câncer do colo do útero. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada ano são registrados cerca de 15 mil novos casos da doença, o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres brasileiras. A vacina é a principal forma de prevenção, e também pode ajudar prevenir diversos outros tipos de câncer atribuídos à infecção por HPV como tumores de vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe.
Apesar das sociedades médicas reconhecerem a importância da vacinação também em meninos, no Brasil a recomendação do Ministério da Saúde é vacinar meninas de 9 a 13 anos, idade em que a imunização é altamente eficaz, pois esse grupo ainda não foi exposto ao HPV. Além delas, também podem receber gratuitamente o imunobiológico todas as mulheres que tenham HIV e/ou idade até 26 anos.
“A vacinação contra o HPV deve ser encarada como uma prioridade pelos pais e profissionais de saúde. Temos que continuar nos empenhando para ampliar a cobertura da vacinação contra HPV, e a inclusão de meninos é uma estratégia importante para prevenir diversos tipos de câncer”, afirma o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM) e membro do comitê gestor do Centro de Oncologia e Hematologia Dayan-Daycoval, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ao lado da vacinação, o rastreamento para identificar lesões precursoras também é uma estratégia importante para o controle da doença. Pelo menos dois terços das mortes por câncer do colo do útero ocorrem em mulheres que não tinham sido rastreadas regularmente. “Se melhoramos o rastreamento e a vacinação contra o HPV, seremos capazes de diminuir substancialmente a mortalidade por câncer do colo do útero”, diz Fernando Maluf, diretor do Serviço de Oncologia Clínica do COAEM e oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Vacinação pública contra o HPV no Brasil
A vacinação acontece durante todo o ano, em todas as Unidades Básicas de Saúde e, dependendo do município, também em escolas públicas e privadas.
O esquema padrão é de três doses, com intervalo de 2 meses entre a primeira e a segunda, e de 4 meses entre a segunda e a terceira (0-2-6 meses). Quem não tomou no período indicado não precisa reiniciar o esquema, mas deve terminá-lo ou não terá a proteção máxima contra a infecção.
Meninas com 14 anos que iniciaram o esquema vacinal em 2015 devem receber a segunda dose neste ano, e mulheres com HIV com 27 anos que iniciaram a vacinação aos 26 anos também devem completar o esquema.
Para mais informações, visite: www.ondacontracancer.com.br.
Referência: HPV Vaccination Guideline Update: American Cancer Society Guideline Endorsement. Published early online July 19, 2016 in CA: A Cancer Journal for Clinicians – Debbie Saslow, American Cancer Society, Atlanta, Ga.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3322/caac.21355/abstract
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.