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Conheça mais sobre o transplante de medula óssea – e saiba como ser um doador

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Neste 17 de setembro, Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, veja quais cuidados no pós-TMO são fundamentais para melhores resultados no tratamento

Por Dr. Breno Gusmão 

Se você é um paciente de leucemia, linfoma ou mieloma múltiplo, ou conhece alguém com um destes tipos de câncer, certamente já ouviu falar em transplante de medula óssea (TMO).

Chamado também por transplante de células-tronco hematopoiéticas, este é um procedimento indicado para alguns pacientes, especialmente quando as opções de tratamento de primeira linha não trazem as respostas esperadas.

São três os principais tipos:

  • Autólogo – Quando as células transplantadas são do próprio paciente.
  • Alogênico – Quando as células transplantadas são de um doador 100% compatível, seja da família, não aparentado ou de um cordão umbilical.
  • Haploidêntico – Quando as células são de um doador parcialmente compatível, mas neste caso da família (geralmente pai, mãe ou irmão).

Como é feito o transplante de medula óssea

Para o paciente, o transplante é dividido em algumas etapas. Contudo, antes da realização, será necessário fazer vários exames de sangue e de imagem para avaliar a condição clínica, além de conversar a respeito de como será o transplante e das possíveis complicações.

condicionamento é o primeiro passo, quando o paciente receberá fortes doses de quimioterapia

Na maior parte dos casos, os pacientes respondem muito bem aos três tipos de TMO. Mas os cuidados após o procedimento serão fundamentais para garantir estes resultados.

Alta hospitalar

Este é um momento muito aguardado. Afinal, o paciente que passa por um transplante de medula óssea, em especial aqueles que realizam o transplante com um doador, precisam ficar um longo período na internação.

Mas a alta hospitalar só irá acontecer quando a medula óssea estiver funcionando corretamente, ou seja, produzindo todas as células do sangue. Geralmente, é necessário cerca de 1 mês para que se possa sair do hospital. Isso porque, antes deste período, o paciente fica mais predisposto às infecções, por conta da baixa imunidade.

Em casa, os cuidados continuam

A alta hospitalar, no entanto, não significa que todos os cuidados podem ser deixados de lado. Pelo contrário! Este tipo de transplante é bastante delicado e, mesmo após ter atingido os bons resultados, é fundamental que o paciente siga alguns passos:

  • No pós-TMO, a pele pode ficar muito sensível. No momento do banho, procure usar sabonete neutro e antisséptico, e toalhas macias. O papel higiênico também deve ser macio. O uso de hidratantes corporais está liberado, mas com produtos sem álcool na composição.
  • Usar chapéus e protetor solar é bem importante. Evite o sol nos horários mais quentes.
  • O uso de desodorantes também é permitido, desde que seja hipoalergênico.
  • Usar maquiagens, para disfarçar a falta de pelos das sobrancelhas e o cansaço, com certeza é uma boa pedida. Mas use produtos que também sejam hipoalergênicos.
  • Evite usar lâminas de barbear/depilar e alicates de unhas para tirar as cotículas. É importante manter o cuidado para que não haja sangramentos e também focos que sejam passíveis de entrada de vírus e bactérias.
  • No momento de escovar os dentes, opte pelas escovas macias ou extra macias. Fio dental, só com orientação do médico. Afinal, não queremos sangramentos né?
  • Se sentir os lábios secos, por conta da falta de salivação, passe um hidratante labial à base de manteiga de cacau.
  • Nos três primeiros meses pós-TMO, o uso da máscara será bem importante ao sair de casa. Mas evite lugares com grandes aglomerações de pessoas e contato com quem estiver gripado/resfriado, combinado?
  • Lavar as mãos também é uma dica bem importante! Antes de se alimentar, depois de usar o banheiro e toda vez que voltar de um passeio, lave as mãos e evite a contaminação de vírus e bactérias via contato físico.

Atenção especial com os alimentos

Alimentar-se bem durante e após o transplante de medula óssea com certeza trará um importante diferencial. Mas, aqui os cuidados também precisam ser intensos:

  • Procure sempre comer em casa, até para ter um maior controle sobre os preparos e evitar problemas de contaminação.
  • Se você é daqueles que gosta de alimentos crus, como os da comida japonesa, ou de carne bem vermelhinha, vai precisar mudar um pouquinho seu paladar. Nos primeiros meses após o TMO, é imprescindível comer alimentos bem cozidos. Isso incluí também os legumes!
  • Frutas e verduras devem ser higienizadas corretamente antes do consumo, com bicabornato de sódio e água potável.
  • Por falar em água, ela será essencial durante todo o tratamento. Mas certifique-se que seja mineral e, se tiver alguma dúvida, ferva antes de beber.

Fique de olho nos efeitos tardios

É possível que alguns pacientes, mesmo após meses do transplante de medula óssea, apresentem sinais importantes e que devem rapidamente ser tratados. Então, atenção com:

  • Erupções, coceiras ou mudanças na cor da pele;
  • Sangramentos;
  • Alteração de visão e/ou paladar;
  • Perda de peso e vômitos em excesso;
  • Dor ou necessidade frequente de urinar;
  • Tosse (com ou sem secreção);
  • Sinais de gripe, como coriza e dor de garganta.

Como ser um doador de medula óssea

Para ser um doador voluntário de medula óssea, é necessário:

  • Ter de 18 a 55 anos e estar em bom estado de saúde;
  • Procurar um hemocentro;
  • Preencher um formulário com dados pessoais. Será coletada uma amostra de sangue para testes que determinam as características genéticas necessárias para a compatibilidade entre doador e paciente.

Os dados serão armazenados no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Já os dados do paciente que necessita de um transplante estarão no REREME (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea). O próprio sistema cruza as informações e, se encontrar doador e paciente compatíveis, ambos serão avisados imediatamente.

O Brasil é um dos maiores bancos mundiais de doadores, com cerca de 5 milhões de cadastrados. 

Dr Breno Gusmão é onco-hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer

*Com informações da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia – Abrale

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