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O câncer no cinema

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“A Culpa é das Estrelas” já levou mais de um milhão de pessoas aos cinemas no Brasil para rir e se emocionar com a história de dois pacientes de câncer. O sucesso do escritor John Green se repete no longa que traz para a telona a história de Hazel e Augustus, jovens que se conhecem em um grupo de apoio para pacientes com câncer e vivem um romance como celebração à vida.

Será que o paciente se identifica ou, ao contrário, o filme reforça o estigma da doença? “As opiniões são variadas, existem pacientes que gostam, outros não, mas sempre vale a divulgação, mesmo em formato de uma grande história de amor e amizade permeada pela forte e dolorida presença do câncer”, diz a presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

O filme repete o exemplo de títulos como “Antes de Partir”, que traz Jack Nicholson e Morgan Freeman na pele de dois pacientes de câncer igualmente decididos a festejar a vida. Em comum, a sensível identidade de um tema presente na filmografia de Hollywood, e a proposta de despertar reflexões importantes.

“Quando eu li o livro e assisti ao filme, consegui me identificar e reviver momentos da minha trajetória pessoal na luta contra o câncer”, diz Mariane Gabriele, que aos dez meses foi diagnosticada com um neuroblastoma, venceu a doença, e hoje aos 20 anos, é paciente de GIST, um raro sarcoma gastrointestinal. Ela saiu do cinema com sua própria história revisitada. “Eu consegui sentir o medo, a dor, a expectativa de uma notícia. Quando Hazel determinou que seria capaz de subir as escadas, ela conseguiu, mesmo com todas as suas limitações. Já me senti assim, até para subir uma escada era aquela dificuldade”, diz ela, integrante da nova geração dos “survivors”.

Para a ex-presidente da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia, Regina Liberato, o tema do filme realmente seduz. “Como sociedade, estamos carentes de experiências verdadeiras, que demandam envolvimento e nos impõem posicionamentos. Enquanto discutimos o que vimos no filme, ensaiamos decisões, enfrentamos adversidades e conseguimos aceitar a existência de fatos dramáticos pertinentes à realidade humana, como a morte de um filho, de um parceiro ou a nossa própria finitude”, explica a psico-oncologista, ela própria também paciente de câncer.

Outro forte apelo da produção do diretor Josh Boone é trazer o câncer não mais como uma doença da terceira idade, como em “Tempo de Partir”, mas agora, como parte da realidade de dois jovens, em um novo contexto da vida.

“O drama inclui adolescentes, vidas que desabrocham e ao mesmo tempo enfrentam ameaças diversas. Isso é muito dolorido, mas ao mesmo tempo muito instigante”, aponta Regina, para quem as lentes do cinema podem criar uma espécie de vivência simbólica e, através da reflexão, ensinar a viver a vida subjacente às imagens que saltam aos nossos olhos. “Como paciente de câncer e como profissional de saúde que lida com o processo do câncer, acho que há um aprendizado qualitativo com relação a se ver refletido no espelho. O câncer me auxiliou a definir que na minha vida nada pode ser vivenciado pela metade. Acho que o filme trouxe muito essa questão, na hora da perda, mesmo na hora da morte, e enquanto se vive. E a culpa é de quem? A culpa é das estrelas, claro!”

The Fault in Our Stars (“A Culpa é das Estrelas”)

Estreou: 05/06/2014

Gênero: Drama, Romance

Duração: 125 min.

Origem: Estados Unidos

Direção: Josh Boone

Roteiro: John Green, Michael H. Weber e equipe

Distribuidor: Fox Film do Brasil

Classificação: 12 anos

Ano: 2014

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