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Como funciona a radioterapia no tratamento do câncer de pulmão

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Radioterapeuta Robson Ferrigno explica uma das formas de tratamento para os tumores pulmonares

A radioterapia é um tratamento que utiliza radiações ionizantes para tratar de vários tipos de câncer e outras enfermidades. Essas radiações são raios-x de alta energia que penetram no corpo do paciente até atingir o tumor. Ao atingir o tumor, as células tumorais que o formam são destruídas.

Tanto as células malignas quanto as células normais podem sofrer danos. Porém, as células normais geralmente têm maior capacidade de reparar os danos provocados pelas radiações. Além disso, a tecnologia desenvolvida nos últimos anos permite que essas radiações sejam concentradas no tumor, poupando, ao mesmo tempo, os órgãos normais vizinhos.

Por ser um tratamento que age de forma localizada, os efeitos benéficos, bem como os efeitos colaterais, dependem da área do corpo que está recebendo as aplicações.

Etapas e características da radioterapia

Inicialmente o paciente passa em consulta pelo médico especialista em radioterapia, quando esse tratamento pode ou não ser indicado. Quando a radioterapia é indicada, o primeiro passo é a realização de uma tomografia na posição de tratamento. 

As imagens geradas são transmitidas para computadores pelos quais são utilizadas pelo médico para definir a região do corpo do paciente que necessita receber as aplicações da radioterapia e os órgãos de risco ou tecidos normais que precisam ser protegidos. 

Após definição dessas estruturas pelo médico, um outro profissional, chamado Físico Médico, utiliza o mesmo programa de computador para planejar de que forma o equipamento de radioterapia vai entregar a dose no tumor ou em uma determinada área que precisa ser tratada e, ao mesmo tempo, impedir que órgãos de risco ou tecidos normais recebem dose de radiação acima do recomendado. 

Em seguida, o médico volta para o sistema de computador e avalia se o plano realizado pelo Físico está adequado, ou seja, se a dose prescrita está atingindo o alvo e se os órgãos normais estão recebendo doses adequadas. 

Depois da aprovação do plano pelo médico, os físicos enviam as informações por rede para os equipamentos. Terminada essa fase de planejamento, o paciente começa a ser tratado. Todo esse processo de planejamento entre a tomografia e o início do tratamento leva de um a três dias, a depender da complexidade.

O número de sessões varia de acordo com a área a ser tratada, o tipo do tumor e o objetivo do tratamento. O número de sessões no câncer de pulmão pode ser entre 1 e 30, realizadas em dias úteis. O técnico da radioterapia executa as aplicações “pilotando” a máquina cujas especificações estão inseridas em programas computadorizados da máquina. 

As sessões são feitas nos dias e horários agendados e duram aproximadamente 15 a 30 minutos, com algumas variações, a depender da complexidade e número de alvos a serem atingidos. 

Durante a aplicação não existe efeito imediato. A radiação é invisível e o paciente não sente qualquer alteração durante a sessão. 

Não há qualquer procedimento invasivo na radioterapia, como acesso venoso, exceto nos pacientes que necessitam de anestesia para realização do tratamento, como em crianças pequenas ou em pacientes que não compreendem a necessidade de ficar imóvel.

O paciente não fica com radiação no corpo após o término da radioterapia. Assim que o equipamento é desligado, não há mais qualquer radiação na sala de tratamento ou no corpo do paciente.

Indicações de radioterapia no câncer de pulmão

Em pacientes com câncer de pulmão, a radioterapia pode ser utilizada em todas as fases da doença com finalidade curativa ou para alívio de um determinado sintoma, como dor, sangramento ou obstrução de vias aéreas.  

As principais situações para uso da radioterapia incluem:

  • Estádios iniciais: 

A cirurgia ser o tratamento padrão para tumores iniciais de pulmão. No entanto, a radioterapia pode ser utilizada com finalidade curativa para aqueles pacientes sem condições de suportar a cirurgia (portadores de doenças que tornam o risco cirúrgico alto) ou em pacientes que se recusam à cirurgia. 

A radioterapia com técnica conhecida pela sigla inglesa SBRT (“Stereotactic Body Radiation Therapy”), erroneamente chamada de radiocirurgia de pulmão, é um tratamento curativo com excelentes taxas de controle local e poucos efeitos colaterais. 

Ela é feita geralmente em 3 a 5 aplicações em dias alternados. As sessões são rápidas, em torno de 15 minutos dentro da sala e o paciente não sente qualquer efeito colateral.  É um tratamento realizado sem a necessidade de cortes, anestesia ou acesso venoso e o paciente sai da aplicação podendo retornar na mesma hora para suas atividades. 

  • Estágios com tumor localmente avançado

Nessas situações, a radioterapia externa é utilizada combinada à quimioterapia e é iniciada na mesma semana do primeiro ciclo de quimioterapia. Em geral, são feitas 30 aplicações diárias, cinco vezes por semana (dias úteis). No câncer de pulmão de células pequenas e doença limitada ao tórax também são feitas 30 aplicações, porém, essas podem ser realizadas duas vezes ao dia (estratégia conhecida como hiperfracionamento), terminando o tratamento em 15 dias úteis.  

  • Estágios avançados com metástases a distância

No câncer de pulmão com metástase a distância, a radioterapia é utilizada para alívio de sintomas, tais como, dor óssea provocada pela metástase, obstrução de vias aéreas que provocam falta de ar, dificuldade de engolir quando o tumor comprime o esôfago ou sangramento pelos brônquios. O número de aplicações nesses casos é menor, variando de um a cinco. 

A radioterapia é um dos três pilares de tratamento do câncer. Quando houver indicação de tratamento com radioterapia, o paciente com câncer de pulmão deve procurar um médico com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Radioterapia para ser adequadamente orientado sobre as características da radioterapia que necessita, para verificar a indicação e para entender os resultados esperados e os possíveis efeitos colaterais.

Com os avanços tecnológicos da radioterapia ocorridos nas últimas décadas, esse tratamento se tornou muito eficaz e seguro. 

Robson Ferrigno é médico especialista em Radioterapia e coordenador médico dos Serviços de Radioterapia do Hospital BP Paulista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia.

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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