Que a mamografia é o exame mais indicado para detectar a presença de nódulos nas mamas e deve ser feito anualmente pelas mulheres a partir dos 40 anos, grande parte das mulheres já tem conhecimento. Ao longo dos anos, mais mulheres também passaram a ter acesso ao exame. Mas e em relação à qualidade do procedimento? A clínica ou hospital onde você vai para realizar a mamografia está dentro dos padrões? Ao que tudo indica, nem sempre.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) realizou em 2015, em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), uma pesquisa reveladora. Para se ter uma ideia, menos de 10% das cerca de 5,2 mil clínicas do país (tanto públicas quanto privadas) têm o Selo de Qualidade em Mamografia concedido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Dessas clínicas, que se inscreveram voluntariamente (veja bem, elas não foram obrigadas!), quase um terço não foi aprovada na primeira avaliação de qualidade, que inclui posicionamento da mama, qualidade do exame e do laudo.
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“O exame de mamografia busca por microcalcificações que podem representar o sinal mais precoce de malignidade, ou nódulos menores que 1 centímetro, que não é possível palpar clinicamente. E para que o programa de rastreamento mamográfico seja de qualidade é preciso ter pelo menos 50% dos tumores abaixo de 1 centímetro. Só com esse quadro o país irá reduzir a mortalidade por câncer de mama”, alerta a médica radiologista Linei Urban, coordenadora da comissão nacional de mamografias do Colégio Brasileiro de Radiologia. “Segundo o Ministério da Saúde, há cerca de 5 mil mamógrafos em atividade no Brasil, o que é suficiente para atender a demanda de mulheres. Nós, então, já passamos da fase de garantir o acesso. A luta agora é pela qualidade dos exames”, completa a especialista.
A questão é que não há como a paciente saber se os níveis de radiação estão certos, ou se o técnico a está posicionando na máquina de maneira adequada, se o mamógrafo está calibrado a ponto de garantir imagens nítidas etc. Mas a mulher tem uma ferramenta ao seu lado: a internet. Pelo site www.cbr.org.br, a paciente consegue visualizar quais são as clínicas que estão dentro das normas técnicas e que realizam exames com eficiência.
“Além disso, a mulher pode perguntar para o responsável da clínica, pois isso mostra que ela está informada e é uma forma de pressão, para que esses estabelecimentos se adequem o quanto antes”, enfatiza a médica, que já cansou de receber imagens de exames que os estabelecimentos julgavam como bons, mas simplesmente não eram.
O tema é de extrema relevância para a saúde da mulher, pois acaba dificultando demais a questão do diagnóstico precoce e aumentando a chance de a paciente receber um resultado falso positivo ou falso negativo.
Sem contar que, se o médico mastologista pegar o exame e tiver dificuldade para fazer algum diagnóstico, ele não pode simplesmente pedir para ela fazer novamente quantas vezes for necessário, por conta da radiação. “Por isso, temos que lutar para garantir que a primeira mamografia seja boa, porque ela não vai poder repetir.”
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.