Hoje, o tratamento para a LMC está muito avançado e a maior parte dos pacientes conquista a remissão completa (quando não consta mais sinal da doença nos exames). O médico é quem definirá qual a melhor opção terapêutica.
Inibidores
Os chamados inibidores da tirosina quinase são uma grande revolução da ciência e hoje tornaram-se o tratamento padrão para este tipo de leucemia. Também chamados de terapia-alvo, este tipo de medicamento trouxe excelentes resultados para os pacientes, possibilitando-os viver bem por décadas, sem nem mesmo apresentar sinais da doença no organismo, com poucos (ou sem) efeitos colaterais.
São eles:
Imatinibe
Tratamento de primeira linha, foi o primeiro medicamento alvo contra a tirosina quinase BCR-ABL, e hoje é o tratamento padrão para os pacientes com LMC.
Ele é administrado via oral e costuma ser muito bem aceito, mas dentre os principais efeitos colaterais estão náuseas, diarreia, dor muscular e fadiga.
Muitos medicamentos e até mesmo algumas frutas (como a cranberry e grapefruit) podem interferir na ação do medicamento, por isso antes converse com seu médico.
Este medicamento tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Dasatinibe
Considerado no Brasil um medicamento de segunda linha, hoje é indicado para os pacientes com LMC em fase crônica recém diagnosticada, para os que não apresentaram os resultados esperados com o Imatinibe e para pacientes com LMC em fase acelerada ou blástica.
Ele também é administrado via oral e objetiva inibir a tirosina quinase BCR-ABL. Seus possíveis efeitos colaterais são náuseas, diarreia e erupções cutâneas.
Este medicamento tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Nilotinibe
Outro inibidor de tirosina quinase, tem como alvo a proteína BCR-ABL e também é administrado via oral.
Este medicamento é considerado de primeira linha no Brasil, e é indicado para os pacientes com LMC recém diagnosticada, para os que não respondem ao Imatinibe, e também para aqueles que não apresentaram resultados com o Dasatinibe.
Dentre os principais efeitos colaterais estão náuseas e diarreia. Este medicamento também pode afetar o ritmo do coração, causando a chamada síndrome QT longo. Por este motivo os pacientes precisam realizar eletrocardiograma periodicamente.
Este medicamento tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Bosutinibe
Atualmente apenas aprovado nos Estados Unidos, é um inibidor da tirosina quinase BCR-ABL. Ele é utilizado nos pacientes que têm uma piora da doença (fase blástica), e que não respondem mais às três primeiras opções de tratamento.
Este medicamento ainda não está disponível no Brasil.
Ponatinibe
Ainda que raramente, alguns pacientes em tratamento com os inibidores de tirosina quinase desenvolvem a mutação T315I, que atrapalha a ação destes medicamentos. Atualmente, apenas o Ponatinibe consegue deter essa mutação. Ele também é um inibidor da tirosina quinase, e pode causar efeitos colaterais como dor de cabeça, problemas de pele e fadiga. Também existe um risco de formação de coágulos sanguíneos, que podem provocar complicações cardíacas, por isso a importância do acompanhamento médico, por meio de eletrocardiograma.
O transplante de medula óssea também é opção de tratamento neste caso.
Lembre-se! É fundamental seguir com o tratamento ininterruptamente, e sempre ser acompanhado por um especialista.
Imunomodulador
Também chamado por modulador da resposta citogenética, o Interferon é opção para o tratamento da LMC. Essa é uma proteína existente em nosso organismo com o objetivo de combater doenças, e foram recriadas em laboratório com a mesma finalidade.
São dois os tipos de Interferon existentes: o alfa e o beta. Para o tratamento da leucemia, o alfa é o escolhido.
Este medicamento é administrado por via intramuscular e pode provocar efeitos colaterais como dores musculares, febre, dor de cabeça, fadiga, náuseas, vômitos.
O Interferon tem registro no Brasil, mas não é distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Quimioterapia
Ela só será recomendada caso o paciente não responda bem aos inibidores de tirosina quinase.
Este tratamento utiliza medicamentos extremamente potentes no combate ao câncer, como a Hidroxiureia, com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes. Outras drogas, como a Citarabina, Busulfan, Ciclofosfamida e Vincristina, também são utilizadas.
A Hidroxiureia também se utiliza no contexto de controle e diminuição da doença antes de iniciar o tratamento com os inibidores de tirosina quinase.
Sua administração é feita em ciclos, com um período de tratamento, seguido por um período de descanso, para permitir ao corpo um momento de recuperação.
Alguns efeitos colaterais podem surgir, como enjoo, diarreia, obstipação, alteração no paladar, boca seca, feridas na boca e dificuldade para engolir. Mas saiba que existem alternativas para amenizar cada um deles. A nutrição é uma importante aliada na sua melhora.
A queda de cabelo também costuma acontecer, pois a quimioterapia atinge as células malignas e também as saudáveis, em especial as que se multiplicam com mais rapidez, como os folículos pilosos, responsáveis pelo crescimento dos cabelos. Nessa fase, busque por alternativas como lenços, bonés, chapéus ou perucas, caso se sinta mais à vontade.
A imunidade baixa, comum a esta fase do tratamento, pode facilitar o surgimento das infecções. A febre é o aviso de que um processo infeccioso está começando, então não deixe de procurar seu médico. Se for necessário, medicamentos serão administrados.
Mas com pequenos cuidados, como lavar as mãos com frequência, você pode evitar que essas temidas infecções apareçam.
Sua administração é feita em ciclos, com um período de tratamento, seguido por um período de descanso, para permitir ao corpo um momento de recuperação, e o uso de cateteres geralmente é necessário.
Radioterapia
Este procedimento é bastante raro em leucemias, mas pode ser indicado antes do transplante de medula óssea, no chamado tratamento de condicionamento, e também para diminuir o tamanho do baço e até possíveis dores ósseas. Nele, são utilizadas radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais.
Os efeitos colaterais vão depender da localização em que o procedimento será realizado. Geralmente, o paciente pode apresentar problemas de pele, como ressecamento, coceira, vermelhidões ou descamação.
Transplante de medula óssea
Também chamado por transplante de células-tronco hematopoéticas, este procedimento só será recomendado quando a quimioterapia não surtir resultado, e o paciente estiver com a doença bastante acelerada (a chamada crise blástica). Neste caso o transplante deverá ser realizado posteriormente a um tratamento quimioterápico para redução ou eliminação da leucemia.
O tipo de transplante indicado é o alogênico (por meio de um doador 100% compatível) ou por doador familiar 50% compatível (haploidêntico). Cabe à equipe responsável pelo transplante a escolha da sua modalidade e do doador.
Monitorando a Leucemia Mieloide Crônica
Monitorar de perto como os medicamentos estão agindo no organismo é parte fundamental do tratamento. O PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) é o exame que trará as respostas necessárias.
Com amostras de sangue periférico ou de medula óssea do paciente, o PCR irá medir a quantidade de material genético contendo o gene BCR-ABL. Feito em laboratório, este exame é bastante sensível e pode detectar quantidades mínimas deste gene, em meio a milhões de células saudáveis, garantindo uma resposta eficiente.
Atualização: Dr. Breno Moreno de Gusmão – CRM 166.471
Hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
e Dra. Natália Pin Chuen Zing – CRM 151.758
Hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Apoio: Dra. Jéssica Ribeiro Gomes – CRM: 159784
Oncologista Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Março 2022