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A relação entre tratamentos oncológicos e a fertilidade

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Neste mês de setembro, em que falamos sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento dos tumores ginecológicos, é importante abordar, também, um tópico bastante delicado: a fertilidade da paciente oncológica. 

O uso da hormonioterapia (bloqueio hormonal), e as cirurgias realizadas ao longo do tratamento podem afetar as chances de uma gravidez e a sexualidade. 

Apesar deste ser um assunto importantíssimo para muitas pacientes, não é incomum que pessoas com câncer sintam desconforto ​​ao falar sobre problemas com a vida sexual ou questionar sobre a possibilidade de ter filhos depois do tratamento. 

“Pode parecer bastante simples, mas poucos oncologistas buscam ativamente queixas de disfunção sexual durante o acompanhamento de suas pacientes. Tudo que envolve sexualidade é culturalmente um tabu e, na prática clínica, é exatamente isso que observamos: muitas vezes as pacientes demoram a procurar e exigir ajuda de seus médicos”, ressalta a oncologista Ana Luísa de Castro Baccarin, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.

O Instituto Vencer o Câncer produziu um material educativo sobre câncer, sexualidade e fertilidade, que aborda essas questões abertamente. Você pode fazer o download clique aqui!

Câncer e fertilidade

Já citamos, acima, os tratamentos hormonais e as cirurgias, que podem ter impacto na fertilidade feminina. Se estas estratégias podem trazer resultados positivos no aumento das taxas de cura, também produzem efeitos na qualidade de vida, na saúde sexual e no planejamento do futuro. 

A mulher em idade fértil com doença localizada, cujo objetivo do tratamento é curativo, deve sempre receber orientações sobre possibilidade de criopreservação (congelamento de óvulos) antes do início da quimioterapia. 

Infelizmente, nem sempre isso é possível pelo risco de progressão da doença com o atraso para início do tratamento. Nestes casos, uma possibilidade é associar injeções que suprimem a função ovariana durante a quimioterapia (isso equivale a tentar deixar os ovários “dormindo”, reduzindo assim o efeito tóxico do quimioterápico nos folículos ovarianos). Futuramente, caso a caso, será discutido com essa mulher o melhor momento para liberação de uma tentativa de gravidez. 

Para as pacientes metastáticas, este tópico é bastante delicado, pois não há total segurança em interromper o tratamento de uma doença crônica por tanto tempo, o que colocaria a paciente sob maior risco de desfechos oncológicos desfavoráveis. Portanto, torna-se importantíssimo diferenciar gestação de maternidade. 

A gestação, por seus múltiplos mecanismos fisiológicos complexos e incompatibilidade com tratamentos oncológicos, é formalmente contraindicada. Entretanto, a maternidade pode ser exercida de várias outras formas. Uma paciente metastática pode e deve viver tudo que ela quiser e sonhar. 

Nos casos dos tumores ginecológicos, a cirurgia também pode afetar a fertilidade. Antigamente, as intervenções eram mais radicais, com a retirada total dos órgãos afetados. Hoje, com o melhor conhecimento das doenças e, principalmente, em casos de diagnóstico precoce, é possível oferecer a preservação do útero ou de um dos ovários, para uma futura gravidez.

Neste contexto, o apoio psicológico pode ser imprescindível. Os desejos precisam ser realocados e reorganizados durante o tratamento. A equipe multidisciplinar poderá ajudar neste aspecto, bem como no resgate da autoestima.

*Com informações publicadas em novembro de 2021

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