Aliança Nacional para Eliminação do Câncer do Colo do Útero celebra primeiro ano, com balanço de ações e definição de próximos passos

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Sumário

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A Aliança Nacional para Eliminação do Câncer do Colo do Útero, iniciativa do Instituto Vencer o Câncer e do Grupo Mulheres do Brasil, completou um ano de atividades na última terça-feira (26). No dia anterior, os integrantes e parceiros participaram de uma reunião virtual para apresentar um balanço das ações realizadas, reafirmar os compromissos assumidos e discutir os próximos passos.

O encontro marcou a consolidação do primeiro ciclo de atuação da Aliança, que foi estabelecida em 26 de agosto de 2024, com o propósito de engajar sociedade civil, poder público e entidades científicas na mobilização pela eliminação do câncer do colo do útero no Brasil. Desde então, o movimento vem trabalhando em três pilares estratégicos: ampliar a comunicação sobre prevenção, fortalecer a vacinação contra o HPV e estimular o rastreamento e diagnóstico precoce da doença.

Um ano de mobilização

Durante o encontro, foi feito um balanço das iniciativas já desenvolvidas, destacando campanhas de conscientização, articulação política e ações locais de incentivo à vacinação contra o HPV. 

Também foram revisitadas as mensagens-chave que orientam a comunicação da Aliança, que resumem sua missão em pontos centrais: reforçar a vacinação contra o HPV como método mais eficaz de prevenção, ampliar o acesso à informação de qualidade, engajar escolas e unidades básicas de saúde, estimular campanhas regulares e sistemáticas e fortalecer parcerias entre sociedade civil e poder público. Esses princípios destacam o papel do Brasil como referência mundial em imunização e a urgência de combater a desinformação que ainda dificulta a prevenção.

Outro ponto central da reunião foi o debate sobre como aprimorar a comunicação com diferentes públicos. Os integrantes da rede puderam compartilhar experiências e sugerir caminhos para tornar a informação sobre HPV e câncer do colo do útero mais acessível e efetiva, engajando pais, professores, profissionais de saúde e jovens.

“O Brasil já tem tudo o que precisa para enfrentar o câncer do colo do útero. O que falta é assumir essa causa como prioridade e unir esforços entre os três setores da sociedade. Enquanto isso não acontecer, continuaremos trabalhando de forma desarticulada”, afirma Ana Maria Drummond, diretora do Instituto Vencer o Câncer. “Cabe à sociedade civil organizada pautar essa questão e pressionar as autoridades a enxergarem o tema com a urgência necessária. Por isso, do ponto de vista do Instituto Vencer o Câncer, é fundamental investir em comunicação e advocacy, para gerar consciência, mostrar caminhos e disseminar conhecimento sobre essa causa”, destaca.

“Neste primeiro ano da Aliança, aprendemos que, antes de propor soluções, é preciso escutar — escutar de verdade. Só assim conseguimos mapear o ecossistema, reconhecer lacunas, valorizar as potências e, principalmente, entender qual papel cada organização pode assumir dentro desse movimento coletivo” ressalta a Diretora de Projetos e Parcerias Grupo Mulheres do Brasil, Fabiana Peroni. “Hoje, temos uma certeza: mais do que agir, é preciso ter clareza de onde queremos atuar, quais estratégias podem alavancar nossos objetivos e como podemos contribuir com responsabilidade, coerência e propósito”, acrescenta.

Compromisso com a vacinação, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento

Na cerimônia de lançamento, em 2024, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Grupo Mulheres do Brasil, ressaltou o poder da informação em larga escala, especialmente sobre o HPV e sua ligação com diversos tipos de tumores.

Na mesma ocasião, o oncologista Fernando Maluf, cofundador do Instituto Vencer o Câncer, reforçou a mensagem ao destacar a urgência da imunização. “Devemos ser ambiciosos e ter tolerância zero com os baixos índices de vacinação contra o HPV. Precisamos estabelecer este conceito, para que toda menina e todo menino no país sejam vacinados.”

Próximos passos

Com base na escuta da rede e nas evidências científicas, a Aliança traçou estratégias para ampliar o impacto das suas ações. Entre elas, estão:

  • A vacinação nas escolas, alinhada ao Programa Saúde na Escola, como forma de engajar famílias e aumentar a cobertura entre jovens de 9 a 14 anos;
  • Apoiar a busca ativa por adolescentes de 15 a 19 anos que ainda não se vacinaram contra o HPV. Até dezembro, esse público terá a oportunidade de receber a vacina gratuitamente pelo SUS, uma medida fundamental para ampliar a proteção de quem perdeu a imunização na idade ideal;
  • Atuação conjunta com Unidades Básicas de Saúde e Agentes Comunitários, fortalecendo a imunização nos territórios;
  • Mobilização de agentes multiplicadores em municípios para identificar e replicar boas práticas;
  • Gestão de dados e pesquisas científicas, para monitorar avanços e apoiar políticas públicas de prevenção.

Esses objetivos têm um significado que vai além dos números e das metas. Eles dizem respeito a milhares de mulheres que podem ter suas vidas transformadas quando a prevenção e o diagnóstico precoce funcionam. Abaixo, você vai ler a história da Juliana Campos, cuja trajetória mostra, na prática, como um exame e o autocuidado podem mudar destinos.

Um exame, por acaso, salvou a vida de Juliana. Agora a vacina contra HPV ajudará a evitar novas infecções

A história de Juliana Campos ilustra a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Ela tinha 46 anos e levava uma vida ativa, dividida entre a família e a empresa de e-commerce que administra em Mogi das Cruzes (SP). Nada em seu dia a dia indicava que algo estivesse errado: menstruação regular, sem dores significativas, sem sinais suspeitos. 

Foi ao médico em outubro do ano passado apenas para investigar um nódulo no seio — que se revelou benigno. Aproveitando a consulta, a ginecologista sugeriu que ela realizasse também o Papanicolau, já que há mais de três anos não fazia o exame preventivo. Essa decisão simples mudou completamente o rumo da sua vida.

“Se eu não tivesse o nódulo no seio, sendo bem sincera, não teria ido ao ginecologista, continuaria sendo negligente com o meu corpo. Hoje eu entendo a importância do exame de rotina, do autocuidado”, disse.

O resultado apontou alterações e, em seguida, uma colposcopia com biópsia confirmou o diagnóstico: lesão NIC 3 (de alto grau) no colo do útero, causada pelo HPV. A recomendação foi imediata: cirurgia para evitar a progressão para o câncer. Juliana se submeteu a uma CAF (cirurgia de alta frequência), acreditando que estaria livre do problema. Mas o exame pós-operatório trouxe a notícia que ela não esperava ouvir: câncer.

“Eu vi aquele silêncio da médica lendo página um, página dois, página três. Aquilo começou a me incomodar. Li ‘carcinoma’ escrito em várias partes. Naquele momento meu mundo já desabou. Comecei a ficar muito nervosa, trêmula. Por mais que a médica falasse para eu pensar pelo lado positivo, que era um câncer muito no início, a única coisa que eu consegui ouvir é: você vai morrer, você vai morrer de câncer.”

Apesar do choque inicial, o diagnóstico precoce foi decisivo. O tumor estava restrito ao colo do útero, o que possibilitou tratamento com maiores chances de cura. Em abril deste ano, Juliana passou por uma histerectomia total. O pós-operatório trouxe complicações — como o uso prolongado de cateteres e sessões de radioterapia dolorosas —, mas ela venceu cada etapa com apoio da família e acompanhamento médico.

Na véspera da conversa com o Instituto Vencer o Câncer, Juliana havia encerrado as 25 sessões de radioterapia. Celebrou com os filhos, o marido e a mãe. “É um momento maravilhoso, de muita comemoração, muita gratidão. Foi incrível. Parece que eu nasci de novo.”

Agora, a cada três meses, ela fará acompanhamento com a oncologista. Também vai tomar vacina contra o HPV para prevenir o surgimento de novas infecções e lesões causadas por outros tipos de HPV. E encara o futuro com esperança: “Eu ainda tenho muita vida pela frente com os meus filhos. Eu quero ser avó, quero ter a casa cheia nos finais de semana”.

Lições da jornada

Às mulheres que vivem o momento desafiador de um diagnóstico de câncer de útero, Juliana deixa deu recado. 

“Queridas, o diagnóstico de câncer de colo do útero pode ser assustador, mas não é uma sentença de morte, você é mais do que o câncer e essa batalha é apenas mais um capítulo na sua história de força e resiliência. Lembre-se de que você não está sozinha nessa jornada, mantenha-se positiva e focada no seu tratamento. 

Cada pequeno passo é um avanço na sua jornada de cura, que merece ser comemorado e lembrado em dias difíceis. 

Cuide de si mesma física e emocionalmente (é muito importante!)  e abrace o apoio da sua família e amigos. 

Uma frase que me ajudou muito é: ‘Existe um propósito na sua dor’, ela foi especialmente poderosa pra mim, pois me ajudou a encontrar um sentido mais profundo na luta contra o câncer. Então creia no seu propósito e creia que ele irá gerar um lindo testemunho. 

Espero que eu tenha conseguido transmitir uma mensagem de encorajamento que pode ajudar a fortalecer a fé e a determinação das mulheres que estão passando por esse desafio. 

Acredite na sua força e na sua jornada. Eu venci o câncer e você também vai vencer!”

Publicação: 03/09/2025 | Atualização: 03/09/2025

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