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75% dos diagnósticos de câncer de ovário chegam tardiamente

Silencioso, com poucos sintomas e de difícil detecção por conta da ausência de exames específicos, o câncer de ovário torna-se um dos cânceres ginecológicos mais letais, já que 75% dos diagnósticos são concluídos quando a doença já se espalhou para outros órgãos. Por conta disso, menos de um terço das pacientes acometidas sobrevive cinco anos após o diagnóstico.

Entretanto, não é preciso se alarmar, somente ficar atenta, pois embora grave, o câncer de ovário atinge somente 2% das mulheres, bem menos que o de mama, cuja incidência na população feminina é de cerca de 1 para cada 10 mulheres. “É realmente pouco frequente e o INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima somente cerca de 5 mil novos casos este ano, contra 57 mil do câncer de mama”, aponta o cirurgião oncológico e diretor de Ginecologia do A.C. Camargo Cancer Center, Glauco Baiocchi Neto.

Como evitar o câncer de ovário?

Mesmo assim, é de extrema importância prestar atenção a qualquer sinal de desconforto, como: inchaço abdominal que não passa, gases, prisão de ventre, além de cansaço constante e alteração na função digestiva. Como esse tipo de enfermidade é mais comum após os 50 anos, a recomendação é que as mulheres visitem anualmente o ginecologista, principalmente aquelas com histórico familiar, pois cerca de 10% dos casos apresentam componente genético.

Cistos no ovário também costumam causar preocupação nas mulheres. Porém, essa é uma condição bastante comum e não deve ser motivo para pânico. O perigo só existe quando eles são maiores que 10 cm e possuem áreas sólidas e líquidas.

O grande problema desse tipo de câncer é que não existe um exame confiável capaz de detectá-lo a tempo, como as mamografias, muito úteis para prevenção do câncer de mama, por exemplo. “Temos dois exames que são utilizados nos casos de suspeita, como o transvaginal (ultrassonografia pélvica) e o CA 125. Entretanto, o transvaginal resulta em frequentes falsos positivos, o que leva inúmeras mulheres a fazer cirurgias desnecessárias. Ou seja, percebe-se que há suspeita de tumor, mas quando vai abrir para extrair, não há nada. Já o CA 125 é um marcador tumoral sanguíneo, e apesar de 80% das mulheres com câncer de ovário apresentarem CA 125 elevado, é um exame pouco confiável para o diagnóstico inicial”, ressalta. “É importante dizer também que papanicolaou não serve para detectar câncer de ovário, somente para lesões e tumores no colo do útero”, completa o especialista.

O professor livre-docente de ginecologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Jesus Paula Carvalho, escreveu para a revista Onco em 2011, citando um estudo denominado “Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian (PLCO) Cancer Screening Trial”. Nessa pesquisa, 78 mil mulheres foram rastreadas para câncer de ovário. No grupo de estudo, 39 mil mulheres fizeram dosagem do CA 125, anual durante seis anos, e ultrassonografia transvaginal anual por quatro anos. No grupo de controle, 39 mil pacientes fizeram somente exames rotineiros. O resultado mostrou que além de não ter impacto na redução da mortalidade por câncer de ovário, no grupo de rastreamento houve 3.285 falso-positivos, que por sua vez resultaram em 1.080 cirurgias desnecessárias e 163 complicações.

Não há motivo para alarme

Apesar do alto grau de dificuldade em detectar esse câncer, Baiocchi diz que a taxa de sobrevida pode chegar a 80% em cinco anos, quando o diagnóstico chega rápido. Além disso, existem, sim, algumas armas específicas para preveni-lo, como: usar anticoncepcional por mais de cinco anos (procure seu ginecologista para ver se você realmente pode fazer uso deste medicamento) e controlar o peso evitando alimentos gordurosos, pois há estudos que indicam uma relação entre obesidade, alto consumo de gordura e câncer de ovário.

“Mulheres que tiveram filhos têm menor risco de câncer de ovário em relação às mulheres que nunca engravidaram. Esse risco diminui a cada gravidez, sendo que a amamentação pode reduzi-lo ainda mais”, salienta.

Gravidez

Ainda segundo Baiocchi, como os tumores de ovário atingem as mulheres por volta dos 50 anos, ou da sexta ou sétima década de vida, a mulher não acaba tendo a fertilidade afetada. Quando a doença ocorre em mulheres em idade reprodutiva, é geralmente unilateral, ou seja, é possível preservar um dos ovários. No entanto, existe risco do ovário saudável ser acometido pelo câncer entre cinco e dez anos após o término do tratamento, então a recomendação é que a gravidez ocorra logo após o tratamento, principalmente se a doença for inicial (estágio I), casos em que não se retira o órgão, realizando-se apenas a químio e a radioterapia.

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