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Pesquisa clínica é oportunidade que pode melhorar o padrão atual de tratamento

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“Todos os avanços na medicina, sem exceção, ocorrem pela pesquisa clínica”. A frase
do oncologista Antonio Buzaid, cofundador do Instituto Vencer o Câncer, dá a
dimensão da importância dos estudos para os avanços da ciência e cuidado com os
pacientes.
No entanto, ainda há barreiras de informação, acesso e financiamento à pesquisa no
Brasil.
“É cultural”, afirma Buzaid. Mas o oncologista garante: “o paciente que está em
protocolo de pesquisa clínica é o mais bem cuidado”.
Na entrevista abaixo, Antonio Buzaid fala sobre a Rede Vencer o Câncer de Pesquisa
Clínica, os benefícios da pesquisa para toda a sociedade e reforça a necessidade de
informarmos sobre o tema, para que o setor avance no Brasil e traga mais melhorias
para a Saúde no país.

Vencer o Câncer: Dr Buzaid, você já destacou em diversos conteúdos
aqui em nosso portal que todo e qualquer medicamento precisa passar
por estudos clínicos rigorosos para que seu uso seja aprovado.
É isso que permite o avanço da Medicina. Então, por que ainda
existem tantos mitos em torno das pesquisas clínicas,

especialmente aqui no Brasil?

Antonio Buzaid: É cultural. Ainda há aquele resíduo do passado, a ideia de que o
paciente viraria uma “cobaia”. Na realidade, o paciente que está em protocolo de
pesquisa clínica é o mais bem cuidado do planeta, pelo rigor da monitoração. Eu acho
que isso (a resistência) precisa mudar, é um processo gradual.

Vencer o Câncer: Falamos bastante, também, sobre entraves no setor.
Há um Projeto
de Lei – PL 6007/23 em discussão no Congresso, que dispõe
sobre a pesquisa com seres humanos no Brasil.
Mas para quem está na ponta destes estudos, para o pesquisador,
quem organiza a atuação destes centros e quais
são as principais dificuldades?

Buzaid: Eu acho que o paciente precisa ter acesso a esses lugares, conhecer e saber
que existem (os centros de pesquisa). O Instituto Vencer o Câncer, com a Rede Vencer
o Câncer de Pesquisa Clínica, tem como papel desmistificar estes estudos e também
mostrar onde estão centros. Nós temos que bater na tecla de mudança da cultura que
existe prevalente, ainda, no mercado.

Vencer o Câncer: Muitos pesquisadores relatam sobre esse
desconhecimento da
população, também sobre a gestão dos centros,
sobre a capacitação de profissionais.
Então, além da informação, é necessário investimento para que a pesquisa
possa ser
se profissionalizar, receber mais investimentos e ser mais acessível no Brasil?

Buzaid: Com certeza! Isso é criação e capacitação do centro de pesquisa, exatamente o
que nós estamos fazendo com o Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica. Mas se o
leigo não entender que é também o melhor para o interesse dele, que o paciente
recebe um cuidado médico melhor, ele não vai procurar um centro de pesquisa. Então,
nós temos que divulgar essa informação.

Pesquisa é luxo. Por isso é tão prevalente nos países desenvolvidos. É um processo win-win, em que só há vencedores. É bom para o paciente, é bom para quem investe
nela. Novos medicamentos vão beneficiar muita gente, não só os pacientes que estão
recebendo o remédio. E é assim que a sustentabilidade do sistema ocorre.

Vencer o Câncer: Existem, ainda, muitas dúvidas sobre a segurança, por exemplo.
Os termos e parâmetros em que são feitos os estudos
aqui no Brasil são iguais aos que
são realizados
em países de referência?

Buzaid: São protocolos frequentemente internacionais; os consentimentos são
traduzidos e sofrem pequenas modificações para aspectos culturais. Mas fora isso,
nada é diferente, porque o consentimento tem que trazer um full disclosure (prestação
de informações completas) dos riscos, diferente de um médico quando trata na rotina.

Vencer o Câncer: Na sua visão, quais áreas têm
mais potencial de desenvolvimento
em pesquisa
aqui no Brasil?

Buzaid: A Oncologia, sem dúvida, é uma das mais importantes. Quanto mais estudos
clínicos a gente tem, mais rápido a gente responde às perguntas científicas.
Dentro da especialidade, eu acho que os tipos mais prevalentes são os que merecem,
em geral, uma atenção maior. Então, são tumores de pulmão, mama, gastrointestinal,
ginecológico e geniturinário. Mas tudo precisa ser testado.
Nós temos um remédio para sarcoma raro, cujo estudo vai abrir em breve. Já temos
oito pacientes alinhados na fila, esperando o remédio novo vir pra testar. Existe essa
demanda reprimida, principalmente para os cânceres mais raros.

Vencer o Câncer: Qual é a mensagem que você deixaria para esse
paciente que quer
saber mais sobre pesquisa,
mas ainda tem dúvidas sobre o tema?

Buzaid: Eu acho que é ler a respeito da Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica
e entender pesquisa clínica é um privilégio, uma oportunidade que
pode melhorar o padrão atual de tratamento.

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