O Ministério da Saúde anunciou que, a partir de agora, a vacinação contra o HPV no Brasil passa a ser feita em dose única. O país vinha utilizando um esquema de duas doses para combater a infecção pelo vírus, principal causador do câncer do colo do útero e de outros tipos de tumores, como de pênis, vulva, vagina, canal anal e orofaringe.
Em nota técnica, o Ministério explica que a decisão segue uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) feita em 2022.
O texto indica “a adoção da dose única da vacina HPV no Calendário Nacional de Vacinação para pessoas do sexo feminino e masculino de 09 a 14 anos de idade, realização de estratégia de resgate de adolescentes até 19 anos não vacinados e inclusão das pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PRR), como grupo prioritário da vacina HPV”. As recomendações para os demais grupos (imunossuprimidos e vítimas de violência sexual), seguem com o esquema anterior, de até três doses.
O Ministério justifica, ainda, que “segundo a OMS, a adoção da dose única, para a faixa etária de 9 a 20 anos de idade traria as seguintes vantagens: uma maior adesão à vacinação, aumento da cobertura vacinal e consequentemente imunidade de rebanho, oportunidade para a inclusão de outros públicos prioritários, melhor logística e facilitação da introdução da vacina HPV em programas de imunizações nos países de média e baixa renda, e aceleração da eliminação do câncer de colo do útero, não só no Brasil, mas em nível mundial”.
O oncologista Henrique Helber, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, afirma que outros países, como Austrália e Reino Unido, já adotam o esquema de vacinação com dose única. “Pode ser uma boa solução para aumentar cobertura vacinal, já que diminui custos e a posologia é facilitada, aumentando adesão”, destaca.
Mas o médico ressalta que ainda falta conhecimento sobre os cânceres causados pelo HPV e sua prevenção. “Ainda temos uma baixa cobertura por falta de adesão e não por falta de disponibilidade”, diz.
A nota técnica cita, também, um estudo da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) feito em parceria com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), que apresentou uma proposta de modelagem para o Brasil na adoção da dose única. Em qualquer um dos cenários a eliminação do câncer de colo do útero pode ser alcançada.