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Câncer de cérebro | O que é?

O câncer de cérebro refere-se ao crescimento anormal de células no tecido cerebral, podendo ser primário, quando se origina no próprio cérebro, ou secundário, quando resulta de metástase de outros órgãos. Esta condição pode afetar diversas funções cerebrais e do sistema nervoso central, resultando em uma ampla gama de sintomas que impactam significativamente a qualidade de vida do paciente.

O cérebro

O cérebro, principal parte do sistema nervoso central, é constituído pelos hemisférios direito e esquerdo, unidos por uma estrutura anatômica, chamada corpo caloso.

Nos hemisférios localizam-se os ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunicam com o terceiro ventrículo. Os ventrículos são cavidades no qual o liquor (líquido cefalorraquidiano) se encontra.

O hemisfério esquerdo na grande maioria dos pacientes tem como função o controle do pensamento lógico e da competência comunicativa.

O hemisfério direito é responsável por outras funções, como o pensamento simbólico e a criatividade. As funções do controle da parte motora localizam-se tanto no hemisfério direito quanto no esquerdo.

Vale notar, no entanto, que a parte direita do cérebro coordena a função motora do lado esquerdo do corpo e vice-versa. Outra estrutura importante do sistema nervoso central é o cerebelo, que controla o ato de caminhar, a coordenação e o equilíbrio.

Entre o cerebelo e a medula espinhal está o tronco cerebral, que, por ser um tipo de “funil” por onde passam todas as conexões nervosas, tem relevância fundamental em funções não só motoras, mas visuais, de deglutição e respiratórias. O cérebro é formado por lobos, que estão presentes em ambos os hemisférios.

Anatomia do sistema nervoso central.
Anatomia do sistema nervoso central.

Os lobos e suas funções

  • Lobos frontais direito e esquerdo (localizam-se mais adiante do cérebro): atuam nas funções de planejar, agir, falar, gesticular, pensar de forma abstrata e se movimentar. Além disso, essa área do cérebro controla funções relacionadas ao comportamento, humor, afetividade, atenção e iniciativa para executar ações;
  • Lobos occipitais (localizam-se mais atrás do cérebro): coordenam as funções da visão e de reconhecimento de objetos e pessoas;
  • Lobos temporais (estão localizados na região lateral do cérebro): coordenam as funções de aprendizagem, memória, compreensão da linguagem e processamento visual;
  • Lobos parietais (estão localizados na região superior do cérebro): coordenam as funções envolvidas na percepção de sensações como o tato, a dor e o calor, além de controlar a capacidade de se localizar no espaço e reconhecer objetos através do tato.

O câncer de cérebro

O câncer de cérebro tem tempo de crescimento extremamente variável, podendo ser medido em dias ou até em anos. O que determina se terá comportamento agressivo ou crescimento lento é basicamente o tipo de tumor e seu grau de diferenciação.

Este último é definido pelo médico patologista com base nas semelhanças (baixo grau) e nas diferenças (alto grau) existentes entre as células tumorais e as do tecido cerebral normal.

Os tumores de baixo grau costumam ter prognóstico melhor porque crescem lentamente e não são tão infiltrativos. Já os de alto grau apresentam comportamento oposto.

Eventualmente, durante o crescimento, células malignas podem chegar até o local por onde circula o liquor, líquido que banha o sistema nervoso central, e invadir as meninges, que se estendem do cérebro até a parte mais inferior da medula espinhal.

Os gliomas de baixo grau podem, no curso da evolução (que em média varia de três a 15 anos), mudar de grau e de comportamento, tornando-se tumores malignos ou de alto grau ou indiferenciados. Ao contrário dos tumores de outros órgãos, os cerebrais quase nunca formam metástases em órgãos distantes, como pulmões, fígado e ossos.

Os principais tipos de câncer de cérebro

Astrocitomas

Os astrocitomas são os tumores mais comuns. Originam-se dos astrócitos, que são um tipo de células da glia, que constituem o maior componente do tecido cerebral. De acordo com a aparência microscópica e o comportamento biológico, os astrocitomas são divididos em quatro grupos, apresentados em ordem crescente de agressividade:

  • Astrocitoma pilocítico (grau 1): tumor benigno de crescimento extremamente lento, muitas vezes curável somente com a cirurgia. Acomete principalmente pacientes jovens e crianças.
  • Astrocitoma de baixo grau (grau 2): tumor benigno de crescimento lento, porém mais infiltrativo que os tumores de grau 1, com o risco potencial de se transformar em tumores mais agressivos (graus 3 e 4). Costumam ocorrer em pessoas abaixo de 40 anos.
  • Astrocitoma grau 3 (antigo astrocitoma anaplásico): tumor maligno de crescimento relativamente rápido, com padrão de crescimento infiltrativo, exibindo células com características diferentes daquelas do tecido cerebral normal, em proliferação, e com excesso de vasos sanguíneos. Esses tumores geralmente se instalam em pacientes entre 40 e 50 anos.
  • Glioblastoma multiforme (grau 4): tumor maligno de crescimento muito rápido, com padrão de crescimento infiltrativo, exibindo células com características muito diferentes daquelas do tecido cerebral normal, em franca proliferação, com excesso de vasos sanguíneos e áreas de necrose. São tumores que costumam acometer pessoas de 40 a 70 anos.

Oligodendrogliomas

Constituem o segundo tipo mais frequente. Como no caso dos astrocitomas, dividem-se em tumores de baixo (grau 2) e alto grau (grau 3). Os tumores de baixo grau apresentam crescimento lento e comportamento pouco agressivo. Os de alto grau têm crescimento rápido e são mais agressivos.

Meningiomas

São mais comuns em mulheres e guardam relação com os hormônios femininos e a gravidez. Em mais de 90% dos casos são tumores benignos, que apresentam crescimento extremamente lento, muitas vezes diagnosticados incidentalmente durante exames de rotina. As taxas de cura são muito altas. O tratamento de escolha é a cirurgia, mas com frequência os pacientes podem apenas ser acompanhados. Uma fração pequena dos meningiomas é agressiva. Nesse caso eles recebem o nome de atípicos ou grau 3 e devem ser tratados com cirurgia, eventualmente associada à radioterapia.

Tumores raros

Essa categoria inclui os ependimomas, meduloblastomas e linfomas. Este último acomete preferencialmente pacientes mais idosos e com doenças que comprometem a imunidade, como a AIDS.

Metástases de outros tumores

São os tumores mais encontrados no cérebro. Os que mais formam metástases cerebrais são os que se originam no pulmão, na mama, na pele (melanoma) e no rim. O tratamento das metástases cerebrais depende do quadro clínico, da idade do paciente e do número, do tamanho e da localização das lesões. O tratamento pode envolver cirurgia, radiocirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo ou a associação dessas modalidades. Metástases cerebrais não serão discutidas neste capítulo, porque seu tratamento depende do tipo de tumor primário que lhes deu origem.


Atualização: Dra. Camilla Akemi Felizardo Yamada – CRM: 118.900 Oncologista Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Apoio: Dra. Jéssica Ribeiro Gomes – CRM: 159784 Oncologista Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo Vídeo: Dra. Camila Yamada

Data de publicação: 07/05/2014

Última atualização: 22/07/2024

Dr. Antonio Carlos Buzaid
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Antonio Carlos Buzaid é um destacado oncologista clínico, graduado pela Universidade de São Paulo, com experiência internacional nos EUA, onde foi diretor de centros especializados em melanoma e câncer de pulmão, além de professor na Universidade de Yale. No Brasil, dirigiu centros de oncologia nos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, e atualmente é diretor médico geral do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. CRM 45.405
Dr. Fernando Cotait Maluf
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Fernando Cotait Maluf é um renomado oncologista clínico, graduado pela Santa Casa de São Paulo, com doutorado em Urologia pela FMUSP. Ele foi chefe do Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica do Hospital Sírio Libanês e atualmente é diretor associado do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, além de membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e professor livre-docente na Santa Casa de São Paulo. CRM: 81.930