Os fatores de risco do câncer de endométrio são diferentes daqueles para o câncer do colo uterino, agentes infecciosos como o Papilomavírus humano (HPV) não desempenham um papel relevante no surgimento desse tipo de câncer.
Nos ciclos menstruais normais, a produção do hormônio progesterona controla os efeitos do estrógeno e protege o endométrio. Existem situações, entretanto, que rompem esse equilíbrio hormonal e permitem que o estrógeno exerça ação continuada sobre o endométrio, provocando proliferação anormal de suas células.
Exemplos dessas situações incluem o uso de medicamentos (reposição hormonal e tamoxifeno, este último usado em câncer de mama) e a chegada mais tardia da menopausa.
Os fatores de risco mais conhecidos são:
Obesidade
A obesidade é um fator de risco porque a gordura do corpo da mulher produz hormônios, como o estrógeno, que podem estimular as células do endométrio.
Terapia de reposição hormonal
A reposição hormonal em mulheres na fase da menopausa apresenta uma série de vantagens para melhorar a qualidade de vida, por evitar fogachos e secura vaginal, aumentar a libido e evitar a osteoporose, sintomas causados pela falta de estrógeno no corpo. Por outro lado, está associada a maior risco, embora pequeno, de tumores relacionados à exposição ao estrógeno, como o câncer de endométrio e de mama. Com relação ao endométrio, esse risco pode ser contrabalançado com o uso conjunto de progesterona. Nos casos em que a reposição hormonal é realizada adequadamente, com associação de estrógeno e progesterona, o risco de câncer de endométrio não estará aumentado. Entretanto, o risco de câncer de mama é maior quando se realiza reposição hormonal com estrógeno e progesterona comparado com estrógeno isoladamente. O uso de tamoxifeno, medicamento empregado no tratamento do câncer de mama e que apresenta uma ação semelhante ao do estrógeno sobre o endométrio, aumenta o risco de câncer de endométrio em torno de 1 para cada 500 a 1.000 pacientes.
Hipertensão arterial e diabetes
Essas doenças estão associadas ao câncer de endométrio porque são mais comuns em mulheres obesas.
Nuliparidade (nenhuma gravidez durante a vida)
Mulheres que não tiveram filhos naturalmente apresentam maior quantidade de ciclos menstruais durante a vida, expondo, assim, o endométrio aos hormônios por mais tempo.
Dietas ricas em gordura animal
O papel da alimentação é cada vez mais reconhecido como fator de proteção ou risco para doenças. A ingestão de gorduras faz com que o organismo também se exponha aos hormônios femininos encontrados em tecidos gordurosos.
História familiar de câncer ginecológico
Assim como o câncer de mama, o de endométrio também apresenta características genéticas. Mulheres com parentes com câncer de mama, ovário, intestino e endométrio apresentam maior risco de desenvolver a doença.
Hiperplasia do endométrio
Alterações menstruais e sangramentos anormais são comuns em muitas mulheres. Em algumas ocasiões, no entanto, eles exigem procedimentos como curetagem (raspagem cirúrgica do endométrio, que reveste a parte interna do corpo uterino) ou histeroscopia (exame que permite visualizar o endométrio). Por meio dessas intervenções, é possível realizar biópsias do endométrio, para análise no microscópio. Os resultados podem mostrar mucosa normal, hiperplasia típica (quando há multiplicação exagerada das células endometriais, porém de aspecto claramente benigno), hiperplasia atípica (quando já aparecem distorções da arquitetura celular) ou câncer de endométrio. As hiperplasias típicas são mais comuns e não oferecem maior risco; já as hiperplasias atípicas são consideradas pré-malignas.
Atualização: Dra. Graziela Zibetti Dal Molin – CRM 147.913 Oncologista clínica – BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida – CRM 27.574 Oncologista clínico – Grupo Oncoclínicas – Brasília-DF Vídeo: Dra. Graziela Dal Molin