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Câncer de fígado | Tratamento

Os quatro estádios do câncer de fígado estão descritos abaixo:

Estadiamento do câncer de fígado.
Estadiamento do câncer de fígado.

O câncer de fígado é comumente acompanhado de alterações na função do fígado. Em qualquer estádio em que a doença se encontre, é fundamental avaliar a função hepática antes de definir a melhor estratégia de abordagem e opções de tratamento do câncer de fígado.

Existem várias classificações para definir o grau de comprometimento funcional do fígado, baseadas em exames laboratoriais e em critérios clínicos, como a presença de ascite (líquido livre no abdome), icterícia (coloração amarelada da pele e mucosas) e distúrbios neurológicos. O tipo de tratamento é definido a partir do estádio em que a enfermidade se apresenta.

Estádios I e II (estágios iniciais)

A doença pode ser curável por meios cirúrgicos nas fases em que o tumor é único e não invadiu os vasos sanguíneos ao redor do fígado (Estádio I) ou se invadiu os vasos sanguíneos ao redor ou se há múltiplos tumores espalhados pelo fígado ≤ 5 cm (Estádio II). As técnicas mais empregadas são:

Hepatectomia 

A retirada de parte do fígado dá melhores resultados em tumores únicos e pequenos. As condições clínicas devem ser boas, e a função hepática precisa estar preservada para garantir que o órgão regenere a porção perdida, sem comprometer sua função. Com o avanço das técnicas cirúrgicas e anestésicas, em alguns casos é possível realizar a hepatectomia por via minimamente invasiva, técnica que possibilita um pós-operatório com menor risco de complicações. As taxas de complicação são aceitáveis. As mais comuns são sangramento, infecção, fístulas biliares (extravasamento da bile para fora dos ductos biliares), formação de ascite, insuficiência hepática (que pode causar icterícia e alterações neurológicas) e formação de coágulos sanguíneos nas veias do corpo.

Transplante de fígado

O transplante é uma alternativa no caso de tumores confinados ao fígado e quando o mesmo está com sua função tão comprometida pela cirrose que se torna incapaz de suportar a perda de uma de suas partes na cirurgia para a retirada do tumor. É um procedimento de alta complexidade e dependente da disponibilidade de doador com sangue compatível pelo sistema ABO. Há duas modalidades de transplantes hepáticos: quando o fígado é retirado de doador vivo (em geral, de um familiar de tipo sanguíneo compatível) ou de doador morto. Neste último caso, as filas de espera são longas e controladas rigorosamente pela Central de Transplantes dos Estados.

Ablação por radiofrequência e alcoolização

Nas situações em que nem cirurgia mais agressiva nem o transplante de fígado é exequível, há possibilidade de tratamentos menos agressivos, como a ablação por radiofrequência e a alcoolização. Em ambos os procedimentos é feita uma punção do tumor, por meio de uma agulha introduzida através da parede abdominal (sob sedação), guiada por ultrassonografia ou tomografia. Na ablação por radiofrequência, o tumor recebe ondas que provocam aumento da temperatura em seu interior; na alcoolização, doses de álcool são injetadas no tumor para destruir as células malignas.

Quimioembolização

Consiste na injeção de agentes quimioterápicos dissolvidos em preparações que contêm microesferas, diretamente no interior da artéria que nutre a região em que a massa tumoral se encontra. O restante do fígado sobrevive porque sua nutrição é feita através da veia porta. As células malignas são atacadas diretamente pela alta concentração do quimioterápico que chega a elas e pela falta de suprimento sanguíneo ocasionada pela obstrução que as microesferas provocam na artéria que as nutre.

Estádios III e IV

Quando as células tumorais atingiram os órgãos vizinhos ou se disseminaram pela corrente sanguínea e pelos vasos linfáticos (Estádio III) ou ainda criaram focos metastáticos nos pulmões ou ossos (Estádio IV), nem a cirurgia nem o transplante de fígado, tampouco a radiofrequência ou a alcoolização, são suficientes para controlar a doença. Exceção é feita quando a lesão ainda está isolada no fígado com tamanho > 5 cm (Estádio III), quando alguns pacientes ainda podem ser operados. As seguintes modalidades de tratamento encontram indicação nesses casos:

Terapêutica antiangiogênica

Consiste na utilização de agentes que bloqueiam a formação de novos vasos sanguíneos, impedindo que as células tumorais recebam nutrientes e oxigênio através da circulação. Os medicamentos mais utilizados para esse fim são o lenvatinibe e o sorafenibe, drogas administradas por via oral, e o bevacizumabe administrado via intravenosapor veia, cujos efeitos colaterais mais relevantes são cansaço, lesões na mucosa da boca, inflamação da palma da mão e planta dos pés, hipertensão e diarreia.

Imunoterapia

Consiste na administração de medicações intraendovenosas que não atacam o tumor em si, mas acordam o sistema imunológico para que ele reconheça e ataque as células malignas. As medicações podem ser administradas de maneira isolada ou associadas aos antiangiogênicos descritos na sessão acima. Os representantes mais utilizados em câncer de fígado, dão o atezolizumabe, o tremelimumabe e o durvalumabe.

Quimioterapia

Os tumores malignos do fígado são relativamente resistentes à quimioterapia, mas esse tipo de tratamento pode ocasionalmente ser benéfico, particularmente em alguns tipos mais raros de tumores hepáticos.

Câncer no fígado tem cura?

O câncer de fígado pode ter cura, especialmente se diagnosticado em estágios iniciais e tratado adequadamente. As opções de tratamento incluem cirurgia, transplante de fígado, ablação por radiofrequência, quimioembolização e terapias sistêmicas.

A taxa de cura depende de diversos fatores, como o estágio da doença, a função hepática do paciente e a resposta aos tratamentos. Com diagnóstico precoce e intervenção adequada, muitos pacientes podem alcançar a cura ou um controle prolongado da doença.


Atualização: Dr. Ricardo Carvalho – CRM: 132.389 Oncologista Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida – CRM: DF 27574 Oncologista Clínico no Grupo Oncoclínicas, Brasília-DF

Artigo publicado em: 09 de maio de 2014
Artigo atualizado em: 16 de julho de 2024

Dr. Antonio Carlos Buzaid
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Antonio Carlos Buzaid é um destacado oncologista clínico, graduado pela Universidade de São Paulo, com experiência internacional nos EUA, onde foi diretor de centros especializados em melanoma e câncer de pulmão, além de professor na Universidade de Yale. No Brasil, dirigiu centros de oncologia nos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, e atualmente é diretor médico geral do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. CRM 45.405
Dr. Fernando Cotait Maluf
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Fernando Cotait Maluf é um renomado oncologista clínico, graduado pela Santa Casa de São Paulo, com doutorado em Urologia pela FMUSP. Ele foi chefe do Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica do Hospital Sírio Libanês e atualmente é diretor associado do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, além de membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e professor livre-docente na Santa Casa de São Paulo. CRM: 81.930