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Para vencer o câncer de colo de útero é preciso difundir #TrueNews sobre a doença

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“O HPV foi o primeiro vírus que teve fake news, porque envolve a questão da sexualidade e preconceitos”. A constatação é da oncologista clínica Jurema Telles de Oliveira Lima, coordenadora do serviço de oncologia de adultos do IMIP – Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira Recife (PE). 

Ela também é coordenadora do programa Útero é vida, que desenvolve um projeto Piloto em Pernambuco voltado ao diagnóstico e tratamento precoce do câncer de colo do útero. A ação é feita em parceria com a iniciativa Unidos pela Vacina HPV e Prevenção do Câncer, realizada pelo Instituto Vencer o Câncer e o Grupo Mulheres do Brasil.

Quando fala de fake news em relação ao HPV, ela se refere a uma situação polêmica que ocorreu em 2014 quando adolescentes de uma escola em Bertioga, no litoral de São Paulo, disseram passar mal e ter as pernas paralisadas após tomar a vacina contra o vírus.

“Foi como uma histeria coletiva. Uma década depois, mais de um bilhão de doses aplicadas no mundo e já foi comprovado que essa reação não é verdade. Essa vacina provoca até menos reações adversas do que muitas outras”, pondera Jurema Lima.

Esse tipo de informação e o preconceito têm dificultado promover a cobertura vacinal necessária para extinguir essa doença, como já está acontecendo em alguns países. 

A oncologista explica que assim como a vacina da gripe, o ideal é que a imunização contra o HPV seja tomada antes da exposição ao vírus – antes de começar a vida sexual, já que essa é a principal forma de transmissão. “E também ministrar a vacina quando o sistema imune está bem atuante, que é de 9 a 14 anos. Os países que fizeram a cobertura vacinal tiveram redução das lesões percussoras de câncer”.

O desenvolvimento do câncer do colo de útero está relacionado à infecção persistente por alguns subtipos oncogênicos do vírus HPV. Por isso é tão fundamental combater as notícias falsas relacionadas ao câncer e priorizar informações de qualidade.

E também por conta de todo esse contexto Jurema Lima considera essencial a campanha do Instituto Vencer o Câncer #CâncerTrueNews. “É muito importante essa bandeira do instituto, que é o true news, falar a verdade em um assunto que foi o grande fake news da vacina”.

Para meninas e meninos

Outro aspecto que a especialista acha relevante desmistificar é a informação errônea de que é uma vacina apenas para meninas. “Hoje o câncer mais comum associado ao HPV nos Estados Unidos não é mais o de colo de útero. É o câncer de orofaringe, sendo a maioria dos pacientes homens jovens. Antes os principais fatores de risco eram o álcool e o cigarro, hoje é o HPV”, diz, complementando que essas informações demonstram que vacinar os meninos não é apenas para proteger as meninas. “É também fundamental para termos uma proteção coletiva”. A meta da cobertura vacinal em 90% – ou seja, vacinar 90% da população alvo – é o caminho para erradicar a doença.

Para esclarecer e reforçar o conhecimento sobre o tema, Jurema Lima acredita que há muitas informações que precisam ser repetidas de várias formas, para que as pessoas entendam.

Sem culpa e sem medo

Esses dois sentimentos, culpa e medo, são outros inimigos do avanço da vacinação contra o HPV. “Às vezes surge o questionamento para saber como a paciente pegou HPV. É preciso encarar isso sem culpa e sem medo, não apontar para ninguém”. 

A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que cerca de 80% da população sexualmente ativa será infectada pelo HPV em algum momento. “É mais transmissível do que HIV e pode ocorrer mesmo sem o contato sexual direto”, avisa. “Alguns pacientes ficam procurando quem passou para quem e saber isso é quase impossível”.

  • Da lesão precursora até o câncer pode levar 20 anos.
  • A maioria das lesões por HPV é assintomática.
  • Apesar da maior parte da transmissão se dar via sexual, pode acontecer sem contato direto.

Informação que salva vidas

“Eu sempre penso nas mulheres de 30 e poucos anos que morrem por essa doença, deixam filhos pequenos. Essa questão da orfandade é bastante sensível, além da capacidade de dizimar mulheres, jovens, uma importante força de trabalho”, reflete a oncologista. Ela considera que acolher as pacientes e multiplicar a informação de qualidade é uma atuação bastante potente. 

“Precisamos difundir a informação correta em um mundo cheio de fake news”, indica. “Conversar com todos os envolvidos e para isso devemos ser multicanal e envolver de forma intersetorial. O câncer tem um papel muito grande no Brasil e devemos ser essa voz multiplicadora, dizendo que a vacina é segura, que previne o câncer e que não há qualquer evidência de estimular a sexualidade. O foco é a saúde da mulher”.

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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