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Uma boa dieta, esperança e espiritualidade: três elementos essenciais para pacientes e profissionais de saúde, em novos livros

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Para ter uma vida saudável ou fortalecer o combate contra uma doença, a informação é fundamental. Saber o que é realmente importante, com dados cientificamente comprovados, ajuda o paciente em toda a sua jornada.

Por isso, trazemos três lançamentos que darão apoio não apenas a pacientes oncológicos, seus familiares e profissionais de saúde, mas a todos que buscam uma vida mais equilibrada, com saúde e voltada à prevenção de várias doenças, inclusive câncer.

 

Uma dieta equilibrada para prevenir e ajudar o tratamento de câncer

Se você está procurando uma dieta milagrosa ou um alimento para curar o câncer, esse livro não é para você, porque isso não existe. Esse alerta, que Andrea Pereira colocou na introdução do seu livro Dieta do equilíbrio – a melhor dieta anticâncer, sintetiza a essência da obra que a nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein está lançando. O livro é para quem quer reforçar a prevenção contra o desenvolvimento de um tumor, ter uma vida saudável, aos pacientes que esperam melhorar as condições do organismo para aproveitar melhor os benefícios do tratamento e até ajudar a evitar uma recidiva ou outro câncer.

O principal diferencial da obra é ser totalmente embasada em dados científicos. “Percebo que a maior parte dos livros de dieta anticâncer é baseada em relatos pessoais, o paciente contando o que fez em seu caso específico”. Além de trazer dados para toda a população, a ideia é ser um contraponto para informações não confiáveis, que podem prejudicar o paciente.

A nutróloga registrou alguns exemplos de situações assim no livro, como a de uma criança que apresentava muito vômito e a equipe não sabia o que acontecia, até descobrir que a menina estava comendo babosa porque a mãe leu que curava o câncer. “A babosa é extremamente irritante para o estômago. Já vi pacientes abandonarem o tratamento por causa da dieta, de um alimento. Enfatizo no livro que a dieta vai ajudar, não vai curar. Não pode abandonar o tratamento. Se quiser comer algo recomendado, até mesmo para tomar um chá, é preciso avisar a equipe, porque apesar de ser natural pode prejudicar ou interagir com o tratamento”.

A jornada do paciente está presente, considerando recomendações de sociedades médicas e resultados de estudos mais recentes. Andrea começa tratando da prevenção ao câncer, o que vai acontecer com a cirurgia, quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea, o que pode ajudar no tratamento e no final, depois da cura, o que a pessoa deve fazer, com as recomendações para cada fase. Tem também um capítulo só sobre a prática de exercício, comprovadamente benéfico para a prevenção e durante o tratamento.

Ela explica, por exemplo, que o gengibre ajuda bastante pacientes que passam por quimioterapia, porque costumam ter alteração de paladar. Detalha os benefícios da curcumina no tratamento, comprovados em estudos, com o uso de uma dose entre 250 e 500 miligramas – como é difícil atingir essa quantidade usando como tempero, os médicos receitam cápsulas de curcumina, que é antioxidante e anti-inflamatório, principalmente para tumores do trato gastrointestinal.

“Foco em não fazer dietas muito restritivas, porque com isso a pessoa perde peso e massa muscular, podendo piorar o prognóstico”, avisa. “Falo no livro sobre suplemento oral, dieta enteral e parenteral. Muitas pessoas não têm noção sobre como é a nutrição pela veia e às vezes, quando estão com câncer, descobrem que será preciso passar sonda ou fazer gastrostomia (abertura no estômago para administrar alimentos e líquidos) ”.

A autora esclarece essas questões que fazem parte do cotidiano do paciente. Trata também da obesidade como causa do câncer, um fator ainda não tão conhecido, já que ela é mais associada a doenças como diabetes e hipertensão.

Para prevenção, destaca as recomendações das sociedades americana e brasileira: comer mais verduras, frutas e legumes, reduzir açúcar e sal, evitar álcool e limitar a carne vermelha. “Há pessoas que comem muito doce ou muito sal. Tudo isso está relacionado ao risco de câncer”.

“O livro chama Dieta do equilíbrio por conta disso: você não está proibido de comer nada, mas tem que equilibrar os alimentos”, destaca. “Reuni informações embasadas cientificamente e reais. É um livro que traz dados interessantes não apenas para os pacientes de câncer, mas também para prevenção ou ajudar alguém da família. Não tem dieta radical, mas uma dieta saudável, equilibrada, que deveríamos ter sempre na vida”.

 

Esperança, para viver a vida plenamente, sem tempo a perder

“Um livro com histórias de quem que não têm tempo a perder convidando pessoas, doentes ou não, com diagnóstico ou não, a entender que a vida é para ser vivida. Para que abram os olhos e entendam que a esperança precisa existir, que não por acaso ela é realmente a última que morre”. Assim Germaine Tillwitz descreve a essência da obra Contém esperança – histórias sobre viver e conviver com uma doença grave, que reúne 46 textos de pacientes, cuidadores e familiares da Casa Paliativa, espaço de convivência presencial e online.

Um dos textos é de Germaine, paciente de câncer metastático e membro da equipe da Casa Paliativa, que conta sua história usando uma metáfora, a partir de uma conversa com as filhas. A obra reúne contos, poesias, relatos, cartas. Em comum, todos falam de esperança e de cura, sob várias interpretações, seja do corpo ou da alma. A reunião de diferentes olhares, não apenas de pacientes, também enriquece o trabalho, como exemplifica Germaine: “a Tati fala do marido que é renal crônico. A Patrícia, da filha dela, Isis, que ainda é criança”.

A ideia para a obra teve início a partir dos encontros do grupo, que passaram a ser online durante a pandemia, o que levou a um grande aumento de participantes de todo o Brasil e até do exterior. “Nós já escrevíamos no grupo do Facebook, havia relatos, poesias, muitos textos bonitos e seria uma pena ficarem somente no grupo fechado. Surgiu então o blog, que fica no site da Casa do Cuidar, mas achamos que ainda era pouco. Como a Ana Michele e a dra. Ana também são escritoras, surgiu a ideia de fazer um livro da Casa Paliativa. As pessoas amaram a proposta”.

Durante seis meses os autores dos textos participaram de encontros com diversos escritores, como Tiago Ferro, Ruth Manus, Cris Guerra e André Gravatá. Idealizado pela médica, escritora e paliativista Ana Claudia Arantes e a paciente e escritora Ana Michelle Soares, o livro foi publicado pela editora e-galáxia com apoio da Pfizer e edição da jornalista Ana Holanda.

Para Germaine, a principal mensagem é que independente da pessoa ter um diagnóstico é essencial entender que a vida acaba para todo mundo. “Tem uma data de validade, que a gente não sabe qual é, um prazo indeterminado, e aí que está o legal da vida, não saber e a partir disso tomar consciência de que vai morrer, chegar ao fim, e por isso não tem tempo a perder. Não precisa ter uma doença para entender que a vida é para ser vivida e não ter tempo a perder com o que não tem importância”.

 

Espiritualidade e saúde: um debate para profissionais da área

A relação entre a espiritualidade e a saúde atrai o interesse de muitas pessoas, especialmente pacientes, que querem saber mais sobre o tema. Com essa demanda, profissionais de saúde buscam informações no meio acadêmico e científico para levar conceitos validados aos hospitais e consultórios. “Existem tratados internacionais, livros publicados em outros países, produção científica feita no Brasil, muitos papers, mas ainda não havia um livro de referência no país que pudesse preencher essa lacuna editorial”, afirma o oncologista Felipe Moraes Toledo Pereira, explicando o motivo de reunir trabalhos de cerca de 60 profissionais de saúde na obra recém-lançada, Tratado de Espiritualidade e Saúde – Teoria e Prática do Cuidado em Espiritualidade na Área da Saúde.

O médico, que também é formado em Teologia, coordenou o trabalho editorial, que contou com mais três editores: Camilla Casaletti Braghetta, terapeuta ocupacional do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP); Paulo Antonio da S. Andrade, psicólogo hospitalar do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP); e o geriatra e presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) Tiago Pugliese Branco.

“O principal objetivo é fornecer para o estudo sobre o assunto um livro base com os tópicos mais importantes no diálogo entre saúde e espiritualidade, reunindo vários especialistas que dominam o assunto, para aprofundamento do tema no Brasil”, explica Pereira. “O tratado se propõe a ser um livro de referência, é um livro bastante técnico, escrito por profissionais de saúde com uma linguagem da área para abrir o espaço de diálogo entre místicos, religiosos, psicólogos transpessoais e a área de saúde”.

O oncologista acredita que há, dentro da Medicina e dos fluxos de cuidados, um processo de redescoberta de antigos valores, reencontrando princípios assistenciais, elementos que compõem valor e contribuem para os desfechos clínicos, uma assistência com cuidado humanizado e holístico. “Dentro desses elementos que têm vindo à tona, não é só a espiritualidade, mas um olhar para o acolhimento, a hospitalidade, a hotelaria e o urbanismo dos hospitais. Muitos elementos estão sendo resgatados dentro de uma proposta mais integral, e um deles é a espiritualidade. Há um debate sobre esse assunto dentro dos hospitais, das universidades e de vários ambientes, que vem de uma demanda dos pacientes”, avalia. “Observamos, principalmente na Oncologia, uma progressiva demanda desses assuntos, que podem e devem ser abordados dentro do processo de cuidado e saúde. Cada vez mais vemos evidências de que isso é bom, agrega valor e melhora desfechos. É mensurável”.

A proposta do tratado é organizar esse conhecimento e possibilitar que tanto quem se inicia na área quanto profissionais já iniciados encontrem o que precisam sobre o tema, seja para uma leitura sequencial, utilizando como guia de consulta, uma fonte de referências bibliográficas, de citações, para preparar uma aula, seminário ou um debate, por exemplo.

“Trazemos o que vai acrescentar e agregar desfechos em saúde. Já tivemos retorno de centros que oferecem cursos de espiritualidade em saúde, em hospitais e faculdades, que vão adotar a obra como livro texto”, revela. “O objetivo também é que o profissional que queira estruturar um núcleo de debate sobre espiritualidade e saúde tenha por onde começar”.

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