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Vacina e Exame de Sangue: ações simples que podem prevenir o Câncer de Fígado

28 de julho é Dia Mundial de luta contra as hepatites virais, um dos fatores de risco desse tumor

Vacina e Exame de Sangue podem prevenir o Câncer de Fígado

 

“Podemos substituir um problema futuro com vacinação e um simples exame de sangue”. O alerta do oncologista Lucas Santos, membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer (IVOC), é essencial no combate a esse tumor, geralmente descoberto em estágio avançado: o câncer de fígado. Por isso, o médico destaca que o foco principal em prevenção deve ser a vacina contra a hepatite B, um dos fatores de risco para a doença, além do exame sanguíneo para descobrir as hepatites virais. “Esse é um câncer que, em fase avançada, o cuidado é muito difícil, trazendo grande sofrimento para pacientes e familiares. Por isso, precisamos reduzir o risco mostrando à população a importância da vacinação contra a hepatite B”.

As hepatites B e C são fatores de risco para esse tipo de câncer – por isso é tão importante o alerta feita em 28 de julho – Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. É essencial entender essas doenças, sua relação com o câncer de fígado e, assim, diminuir o risco de desenvolver o tumor.

 

Os três tipos de hepatites virais, prevenção, diagnóstico e tratamento

Santos explica que existem três tipos de hepatites virais: A, B e C. A hepatite A não interfere no risco de desenvolver esse tumor. “É aquela hepatite à qual a gente geralmente é exposto ainda na primeira infância”.

Já as hepatites B e C, alerta o oncologista, podem induzir uma inflamação crônica no fígado e, consequentemente, um câncer. “Para a hepatite C, infelizmente não temos vacina; mas para a B temos vacinação inclusive disponível nas unidades de saúde em todo território nacional”.

A vacinação em massa instituída há alguns anos deve reduzir a incidência de câncer de fígado no futuro, mas o médico avisa que esse resultado coletivo, para avaliar os índices na população em geral, demora de 30 a 40 anos. Para ele, esse é um investimento que nós, como sociedade, fazemos hoje para colher frutos no futuro.

É importante também saber como se dá a transmissão das hepatites B e C: principalmente por contato sexual e uso de drogas injetáveis. Santos conta que felizmente hoje é bastante pequeno o risco de transmissão por transfusão sanguínea, devido aos cuidados dos bancos de sangue. Acrescenta que há ainda um percentual grande de pacientes com hepatite C em que não se consegue identificar a forma de transmissão. “Quando alguém é diagnosticado com hepatite B ou C é importante que as pessoas que convivem na mesma casa sejam testadas, para que medidas de vigilância possam ser instituídas”.

O diagnóstico das hepatites é feito com exame de sangue simples, indicado pelo clínico geral ou ginecologista, no caso das mulheres. Santos ressalta que essas infecções virais são silenciosas, ou seja, quando os sintomas aparecem, o quadro clínico já está avançado, podendo ter cirrose ou câncer de fígado – por isso a necessidade de exames para detectar precocemente. “Não precisa fazer com frequência anual. O ideal é fazer exame de sorologia para hepatite B e, se der negativo, tomar vacina. Depois do exame para hepatite C, precisa repetir praticamente se tiver alguma mudança no padrão de exposição”, afirma, considerando os meios de transmissão, via relação sexual e drogas injetáveis. 

Apesar de não ser ainda possível prevenir a hepatite C, ela pode ser tratada, assim como a hepatite B, para reduzir a agressão que o fígado sofre pela infecção e assim diminuir o risco de desenvolver câncer. Além de tratar, o paciente diagnosticado com uma dessas hepatites deve ser acompanhado em vigilância para aparecimento de câncer de fígado, com exames de imagem, como ultrassom.

Além da vacinação, a prevenção inclui ainda os mesmos cuidados indicados para prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e com o uso de drogas injetáveis.

 

De olho no risco para câncer de fígado

O oncologista indica que pacientes com lesão inflamatória ou quadro de cirrose instalada no fígado – não necessariamente por infecção viral – devem ser monitorados para aparecimento de câncer de fígado. “Monitoramos para detectar o câncer na fase mais precoce e poder ter um tratamento apropriado e eficaz. Quando o diagnóstico é feito com a doença mais avançada, o resultado do tratamento é pior”.  Nesses casos, além de exames de imagem do fígado é realizada também a dosagem de marcador tumoral, que é elevada em alguns tipos desse câncer.

Quando o diagnóstico é feito precocemente e o câncer de fígado está restrito ao órgão, o tratamento é cirúrgico e, eventualmente, o paciente pode receber transplante de fígado. Santos diz que são os únicos tratamentos curativos disponíveis. Entretanto, nos casos em que a doença é descoberta em estágio mais avançado, quando não é possível fazer cirurgia nem transplante, não é curável, mas há tratamento e têm surgido novas opções melhores.

Além de citar a quimioterapia oral, o médico destaca modalidades mais recentes, como os medicamentos imunoterápicos. “A imunoterapia tem ganhado bastante importância como primeiro tratamento, a partir de estudo apresentado ano passado. Infelizmente ainda não temos essa aprovação no Brasil, mas esperamos que venha em breve”.

Hoje, explica, a imunoterapia é utilizada apenas na doença mais avançada, mas existem pesquisas para avaliar seu uso em casos precoces. “Há estudos sendo realizados para esclarecer se é possível incorporar a imunoterapia em fases mais precoces da doença, mesmo quando o tumor é operável, e os resultados têm sido promissores”.

João Carlos Moura, 64 anos, é testemunha dos benefícios que os novos tratamentos trazem. Ele tem hepatite C há cerca de cinco anos e no final do ano passado recebeu diagnóstico de câncer de fígado. Sentia muitos sintomas, como dor de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, dores musculares nos braços e pernas, vista ardendo, entre outros. Em tratamento desde o início do ano em um projeto de pesquisa, com quimioterapia oral e imunoterapia, constata as melhoras e comemora: “Nunca mais tive sintomas. De uns três a quatro meses para cá, comecei a melhorar. O nódulo era grande e diminuiu; está sumindo”. 

Para quem descobre esse tipo de tumor, ele aconselha não desistir. “Assusta, mas faça igual eu fiz: vá atrás e procure a melhor forma de tratar, o melhor médico que for possível. Depois de tudo, hoje acredito que o pior já passou”.

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