Conheça as novas medidas anunciadas para o rastreamento e tratamento do câncer de mama no SUS

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O Ministério da Saúde anunciou um conjunto de medidas voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama na última terça-feira (23/09), durante reunião do Consinca (Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Câncer, que conta com a participação do Vencer o Câncer). As novidades podem representar um passo importante para reduzir a mortalidade deste tumor que é o mais incidente entre as mulheres brasileiras depois do câncer de pele não melanoma, com cerca de 73 mil novos casos por ano.

Ampliação do acesso à mamografia

A principal mudança está na faixa etária de rastreamento. A partir de agora, mulheres de 40 a 49 anos terão acesso garantido à mamografia pelo SUS, mesmo sem sinais ou sintomas da doença. O exame será realizado “sob demanda”, a partir de decisão compartilhada entre paciente e médico. Até então, essa faixa etária só tinha direito ao exame em casos de sintomas ou histórico familiar.

O rastreamento populacional, antes restrito às mulheres de 50 a 69 anos, passa a incluir também as de 70 a 74 anos, com periodicidade bienal. Acima dos 74 anos, a recomendação será individualizada, levando em conta condições de saúde, comorbidades e expectativa de vida.

Diversas entidades médicas e especialistas da área defendiam, há muito tempo, a ampliação do rastreamento, já que uma parcela significativa dos casos no Brasil é diagnosticada antes dos 50 anos. Segundo o próprio Ministério da Saúde, 37% dos diagnósticos de câncer de mama ainda ocorrem em estágios avançados, o que reduz as chances de cura e aumenta a necessidade de tratamentos agressivos.

“Precisamos garantir que as mulheres tenham acesso ao exame no momento certo e ao início do tratamento o mais rapidamente possível. É isso que dá sentido às mudanças que estamos implementando no rastreamento”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Novos tratamentos disponíveis no SUS

Outro anúncio importante foi a incorporação de novos medicamentos e estratégias terapêuticas ao SUS, atendendo a uma reivindicação histórica de pacientes e sociedades médicas, depois de meses de espera. Entre as novidades estão:

  • Inibidores de CDK 4/6 – bloqueiam proteínas envolvidas na divisão celular, ajudando a frear o crescimento de tumores hormônio-dependentes em estágios avançados.
  • Trastuzumabe entansinaterapia-alvo que combina anticorpo e quimioterapia, atuando de forma direcionada em tumores HER2 positivos.
  • Supressão ovariana medicamentosa e hormonioterapia parenteral – reduzem a produção de estrogênio, hormônio que pode estimular o crescimento do câncer de mama.
  • Fator estimulador de colônia para esquemas de quimioterapia em dose densa – diminui o risco de infecções ao estimular a produção de glóbulos brancos.
  • Ampliação do uso de neoadjuvância – tratamento antes da cirurgia, como quimioterapia ou terapia-alvo, que passa a ser indicado também para estágios I a III, aumentando as chances de preservação da mama.

Essas mudanças fazem parte do primeiro Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) específico para câncer de mama, publicado no fim de 2024, que estabelece critérios claros para diagnóstico e tratamento no SUS. 

Desafios para implementação

As medidas anunciadas podem trazer uma nova perspectiva para a prevenção e o tratamento do câncer de mama no país, especialmente para as mulheres que utilizam o SUS. No entanto, essas decisões chegaram com atraso, e certamente essa demora teve impacto negativo na vida de muitas mulheres que receberam o diagnóstico nos últimos anos.

Apesar dos avanços, ainda há desafios para que as estratégias anunciadas tenham impacto real. 

É preciso ampliar a capacidade operacional do SUS, especialmente nas regiões mais vulneráveis, com investimentos em infraestrutura, recursos humanos e logística. Também é fundamental uma comunicação clara para as mulheres e para os profissionais de saúde, explicando que o exame sob demanda é um direito que deve ser exercido de forma consciente.

Para que as mudanças reduzam de fato a mortalidade, será essencial monitorar indicadores como tempo entre diagnóstico e início do tratamento, estágio em que os tumores são detectados e taxas de cobertura do rastreamento.

O Instituto Vencer o Câncer seguirá acompanhando de perto a implementação dessas medidas, reforçando seu compromisso com políticas públicas mais inclusivas e céleres. Garantir diagnóstico precoce e acesso aos melhores tratamentos é fundamental para mudar a história do câncer de mama no país.

Conheça as medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde

  • Mamografia garantida a partir dos 40 anos – exame disponível no SUS, mesmo sem sintomas, mediante decisão compartilhada entre paciente e médico.
  • Ampliação da faixa etária de rastreamento – passa a incluir mulheres de 70 a 74 anos, com mamografia a cada dois anos.
  • Programa Agora Tem Especialistas – carretas da saúde da mulher levarão consultas, mamografia, ultrassonografia, biópsias e outros exames a 22 estados, com expectativa de 120 mil atendimentos em outubro.
  • Novos medicamentos no SUS – incorporação de trastuzumabe entansina, inibidores de CDK 4/6, supressão ovariana medicamentosa, hormonioterapia parenteral e fator estimulador de colônia para quimioterapia em dose densa.
  • Ampliação da neoadjuvância – tratamento pré-cirúrgico passa a ser indicado também para estágios iniciais da doença.
  • Novos kits de biópsia – tecnologia 2D e 3D para diagnósticos mais precisos e menor repetição de exames.
  • Expansão da radioterapia – entrega de novos aceleradores lineares, com meta de 121 unidades até 2026.
  • Publicação de guias técnicos – materiais de apoio para profissionais de saúde e agentes comunitários, com orientações para rastreamento e diagnóstico precoce.
Publicação: 25/09/2025 | Atualização: 25/09/2025

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