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Oncoplástica beneficia menos de 10% das pacientes do SUS

silicone-mama-poplasen-537x336Mais de um ano depois de ser sancionada, a Lei 12.802 ainda não é uma realidade no Brasil. A lei garante o acesso à cirurgia oncoplástica para pacientes do SUS mastectomizadas para o tratamento do câncer de mama, mas apesar do amparo legal a cirurgia reconstrutora beneficia menos de 10% das mulheres brasileiras atendidas pelo sistema público.

O alerta vem do presidente da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), Ruffo de Freitas Júnior, que reforça a necessidade de investir na formação de especialistas e deixa um recado sonoro para médicos e pacientes. “O grande recado é que o tratamento do câncer de mama deve andar ao lado da reconstrução, ou seja, a paciente também precisa conversar com o seu médico sobre os resultados estéticos, sem dúvida associados à qualidade de vida”.

O especialista fala com duplo conhecimento de causa, de um lado como mastologista, de outro com a perspectiva de quem viveu de perto a experiência do câncer de mama na família. “Minha mãe foi mastectomizada mais de 40 anos atrás pelo Professor Pinotti e ainda não tem uma mama. É inegável a dificuldade com o espelho”, diz ele.

Reconstrução mamária e Lei

A Sociedade Brasileira de Mastologia firmou convênio com secretarias de saúde dos estados para permitir que mais mulheres sejam atendidas. A primeira turma concluiu sua formação em Brasília e passa agora a atender às pacientes do SUS.

Sancionada no final de abril de 2013, a Lei 12.802 obriga os hospitais da rede pública a oferecer a reconstrução mamária no mesmo procedimento cirúrgico da mastectomia, mas a falta de cirurgiões habilitados nas técnicas oncoplásticas ainda limita o direito das pacientes.

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer de maior incidência no mundo e continua alimentando índices crescentes no Brasil. Dados do INCA estimam 57.120 novos casos da doença em 2014.

Força na peruca

Para a publicitária Mirela Janotti, que conta no livro “Força na Peruca” sua experiência com o câncer de mama, pensar na mutilação é sempre assustador. Mirela recebeu o diagnóstico aos 39 anos e não teve dúvidas: apostou no silicone. “Então, quando não tive mais meus seios, comprei outros novinhos e concluí que os artificiais eram muito mais durinhos e sensuais do que os originais de fábrica. Mostrava meus peitos novos para todo mundo”, registra bem humorada no seu primeiro livro, que acabou inspirando a segunda produção, o projeto “Mulheres de Peito”.

“A reconstrução da mama ou remodelação oncoplástica não é um capricho. É um direito de toda mulher que enfrenta a experiência com o câncer de mama”, resume ela. “Hoje temos visto o diagnóstico também em mulheres mais novas. São jovens mães, mulheres de 30, 40 anos, que querem e merecem se sentir plenas depois do câncer de mama, sem aquele fantasma que tanto fere a autoestima feminina”.

O presidente da SBM reforça o apelo e deixa uma mensagem especial à mulher que acaba de receber o seu diagnóstico. “Seja feliz! Embarque no seu tratamento sem medo. Claro que não serão os melhores meses da sua vida, mas os benefícios serão tão valiosos, as taxas de cura são tão grandes que não há porque hesitar. Entre de cabeça e acredite na vida!”.

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