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Saiba mais sobre a primeira terapia celular aprovada para tumores sólidos

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O FDA (Food and Drug Administration), agência federal dos Estados Unidos que regulamenta a segurança e a eficácia dos medicamentos, aprovou neste mês de fevereiro a primeira terapia celular para um tumor sólido. O procedimento é indicado para pacientes com melanoma metastático.

Tumores hematológicos, como certos tipos de linfomas, leucemias e mielomas, já têm sido tratados com terapias celulares, como a car-t cell. 

O Lifileucel é a primeira terapia de células TIL (linfócitos infiltrantes de tumor). “O TIL é um tratamento antigo, cujo a publicação original liderada pelo dr. Steven Rosenberg é de 1988. Agora, o sistema ficou automatizado e ele é o único tratamento que tem potencial curativo em pacientes com melanoma que não foram bem sucedidos com imunoterapia convencional com inibidores de checkpoint”, destaca o oncologista Antonio Buzaid, cofundador do Instituto Vencer o Câncer. “Estima-se que aproximadamente 25% a 30% dos pacientes que não têm êxito com a imunoterapia convencional consigam ser curados com o TIL”, afirma. 

O oncologista Fernando de Moura, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, ressalta que a terapia foi aprovada através do caminho de aprovação acelerada, sob a qual o FDA pode autorizar medicamentos para doenças ou condições graves ou potencialmente fatais em que haja uma necessidade médica não atendida e a droga demonstre ter um efeito com probabilidade razoável de prever um benefício clínico para os pacientes.

“Este caminho geralmente dá aos pacientes a oportunidade de acesso mais precoce a uma terapia promissora, enquanto a empresa realiza mais ensaios para verificar o benefício clínico previsto. Um ensaio confirmatório está em andamento para verificar o benefício clínico do medicamento, ainda para o tratamento de melanoma metastático, aponta Moura.

Em comunicado, o diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica do FDA, Peter Marks, afirmou que “o melanoma irressecável ou metastático é uma forma agressiva de câncer que pode ser fatal. A aprovação representa o culminar dos esforços de investigação científica e clínica que conduzem a uma nova imunoterapia com células T para pacientes com opções de tratamento limitadas.”

Como funciona a terapia

A oncologista Veridiana Pires de Camargo, líder do grupo de sarcoma e melanoma da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer classifica o tratamento como “extremamente importante”.

“Nos casos refratários (a tratamentos anteriores) … é feito um preparado dos linfócitos infiltrantes de tumor (TIL) próximos ao câncer, que são isolados. O preparo dessa infusão de linfócitos específicos para o melanoma dura em torno de três semanas. Neste período, o paciente toma uma quimioterapia em dose alta; posteriormente, recebe algumas doses de interleucina 2, para estimular a produção de linfócitos novamente. Depois esses linfócitos específicos que identificaram o melanoma, ou seja, que estavam próximos ao melanoma, são infundidos”, explica Veridiana de Camargo. 

O processo pretende estimular a destruição das células cancerígenas pelo sistema imunológico do próprio paciente.

A oncologista comenta que os resultados têm apresentado respostas duradouras. “Os estudos já têm quatro anos e muitos pacientes ainda mantêm a doença estável, controlada. Podemos até, em alguns casos, já falar de cura, talvez”.

Veridiana de Camargo pondera, no entanto, que a terapia ainda não está disponível no Brasil. “Não é uma terapia simples de fazer, porque exige todo esse preparo dessa infusão de linfócitos, além da quimioterapia em dose alta, da interleucina 2. Tudo isso exige, muitas vezes, que o paciente fique pelo menos numa semi-intensiva, numa UTI, com médicos especializados nesse tipo de medicação. Então não é algo simples, mas é algo extremamente importante”.

Pesquisas para outros tipos de câncer

“Para outros tumores sólidos, há ensaios clínicos iniciais, com pequenos grupos de pacientes, com resultados promissores. Mas, novamente, são estudos pequenos, que merecem ainda ensaios confirmatórios”, avisa Fernando de Moura. O oncologista, no entanto, acredita que a terapia celular possa significar um futuro promissor no tratamento de tumores sólidos. “Mas hoje essa ainda é uma terapia que vem sendo estudada para casos de doença muito avançada e para pacientes que já falharam a todos os tratamentos convencionais”, acrescenta.

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