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Autoestima de pacientes com câncer de cabeça e pescoço

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Danilo de Freitas Maciel

Os diagnósticos oncológicos de cabeça e pescoço são tumores malignos que atingem pessoas de todas as idades, podendo acometer pele, trato aerodigestivo superior, que inclui cavidade nasal, seios da face, lábios, glândulas salivares, ossos do complexo craniofacial e laringe.

Os fatores de risco podem estar relacionados ao tabagismo, etilismo, além de herança genética, exposição ao sol, por longo período, e papilomavírus humano. O tratamento pode envolver cirurgias, quimioterapia e radioterapia.

A autoimagem é designada pela forma como o sujeito se vê e se percebe, e quando uma doença aparece podemos perceber alterações importantes tanto no corpo como no humor do paciente.

Os pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço lidam especialmente com isso, devido ao impacto da descoberta diagnóstica, com necessidade de por vezes iniciar um tratamento que pode mudar sua aparência, à desfiguração que é experienciada pode dificultar a manutenção de sua autoestima e autoimagem.

Assim, cada ser humano reage de modo particular, uma vez que são influenciados pelas próprias expectativas, história de vida e vivências do dia a dia.

Todo mundo tem uma imagem em sua mente de sua aparência. Bom, ruim ou algo intermediário, não podemos deixar de sentir algo relacionado à nossa autoimagem.
No entanto, a autoimagem vai além do nosso nível percebido de atratividade.

A forma como nos sentimos confortáveis em nossos corpos e como nos sentimos no controle de nossas funções desempenham um papel importante em como nos vemos no âmbito pessoal e social.

Abaixo estão algumas dicas para ajudá-lo a lidar com as mudanças em sua autoimagem.

Peça apoio e ajuda, quando necessário


Dentro do seu possível, esteja flexível para que outras pessoas o apoiem. Permita que as pessoas ao seu redor forneçam ajuda. Não tenha medo de pedir e aceitar ajuda, inclusive em tarefas que consomem muita energia ou que você não gosta de fazer. Isso pode lhe dar mais tempo para se concentrar em seu autocuidado.

Peça ajuda à sua equipe de saúde. Deixe sua equipe de saúde saber suas preocupações e medos. Eles podem ajudá-lo a entender o que esperar de seus tratamentos.

Por exemplo, eles podem dizer se o seu tratamento contra o câncer pode causar queda de cabelo e, em caso afirmativo, quando isso pode acontecer, para que você não se surpreenda com isso.
Eles também podem informar se há opções para evitar a queda de cabelo ou ajudá-lo a encontrar outras possibilidades de cuidar de algo tão importante que é considerado o cartão de visitas do ser humano, assim também pode ocorrer caso o paciente precise realizar cirurgias que geram mudanças em sua cabeça e/ou pescoço. Busque ajuda com um profissional de saúde mental.

A ajuda profissional de um Psicólogo com experiência em oncologia pode auxiliá-lo a lidar com sentimentos difíceis ou conflitantes e com mudanças físicas.

Dentro das limitações, manter-se fisicamente ativo também pode auxiliar nesse momento. A atividade física pode dar-lhe mais energia e ajudá-lo a sentir-se melhor durante e após o tratamento. É indicado conversar com sua equipe de saúde sobre como começar a se exercitar com segurança e quais exercícios devem ser evitados.

Dê a si mesmo tempo para se ajustar


Um diagnóstico de câncer geralmente é uma notícia inesperada que parece avassaladora no início, principalmente pelos estigmas relacionados a esse contexto. É normal precisar de tempo para se ajustar às possíveis mudanças de vida e às muitas emoções que você vivencia, bem como às mudanças vivenciadas durante e após o tratamento do câncer, perceber que seu tratamento é individual e único é fundamental, evitando comparações catastróficas ou até mesmo informações generalizadas. Seja gentil consigo mesmo enquanto se acostuma com todas as mudanças.

Faça perguntas à equipe de saúde;


Ter câncer não apenas traz sua mortalidade para uma visão mais próxima, mas também altera a forma como você se vê no mundo. É dentro do esperado sentir-se sobrecarregado com insegurança, medo e dúvida, ansiedade e uma diminuição do senso de valor, identidade e autoestima.

Ressalto a importância de buscar apoio, acolhimento, cuidado de qualidade centrado na pessoa e ajuda profissional.

O meu tratamento tem efeitos colaterais que afetam a minha aparência ou corpo, como queda de cabelo ou cicatrizes? Em caso afirmativo, quando é provável que essas mudanças aconteçam? Serão permanentes?

A cirurgia reconstrutiva será uma opção para mim? Existem serviços de atendimento psicológico neste centro médico para os pacientes? Como posso me exercitar com segurança durante o câncer? Você pode me ajudar a encontrar um grupo de apoio ou programa de apoio para pessoas que tiveram experiências semelhantes?

Existem outros programas ou serviços de apoio que podem me ajudar com minha autoimagem?

Cuide-se


Por fim, ressalto a importância de procurar um psicólogo com experiência em oncologia.

Há uma frase na qual acredito e que se confirma em meu dia a dia no Hospital cuidando dos pacientes, de uma autora que admiro, Cicely Saunders, que diz que o sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida.

Então, cuide-se e encontre a sua forma de lidar, que é única e singular.

Danilo de Freitas Maciel é psicólogo clínico e hospitalar, especialista em Psicologia Hospitalar pelo Hospital São Luiz – Rede D’Or. Pós-Graduado em Psico-Oncologia pela Universidade in Company de São Paulo – Unisãopaulo. Pós-Graduando em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Sanar Saúde. Atualmente Psicólogo Hospitalar no Hospital Cruz Azul Saúde e Educação sendo responsável pelo Centro Oncológico. É integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer. CRP: 06/163055

Referências:
Caldin, L. N., Medina, L. A. C., Silva, R. A., Barros, L. M., Lima, M. M. de S., Melo,
G. A. A., Galindo Neto, N. M., & Caetano, J. Á.. (2021). Autoconceito e função do
papel em pacientes com câncer de cabeça/pescoço. Acta Paulista De Enfermagem,
34, eAPE00892. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO00892

Callanhan, C. (2004). Desfiguração facial e senso de identidade em câncer de
cabeça e pescoço. Society Work and Health Care, 40, 73-87.

Dropkin, MJ (1999). Imagem corporal e qualidade de vida após cirurgia oncológica
de cabeça e pescoço. Cancer Practice, 7, 309-313

SILVEIRA E SILVA, Marina; KERN DE CASTRO, Elisa e CHEM, Carolina. Qualidade
de vida e autoimagem de pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Univ. Psicol.
[on-line]. 2012, vol.11, n.1, pp.13-23. ISSN 1657-9267.

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