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Câncer Colorretal – diagnóstico precoce faz toda a diferença

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No início de 2018, Suely Rondan foi ao consultório do proctologista Cláudio Coy, em Campinas (SP), com muito medo. Ela estava com sangramento nas fezes e ia várias vezes por dia ao banheiro. O médico a examinou e logo indicou uma colonoscopia. No retorno do exame, o diagnóstico de câncer colorretal foi confirmado.

Suely foi diagnosticada com um dos tumores mais incidentes na população brasileira. O câncer colorretal ocupa o segundo lugar em frequência no Brasil, tanto entre mulheres quanto em homens. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), quase 41 mil casos da doença serão registrados no país neste ano. 

O câncer colorretal abrange os tumores que têm início na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. 

Muitas vezes, alguns sinais como os relatados por Suely podem indicar que há algo errado. Os principais sintomas da doença são a alteração do hábito intestinal, o sangramento nas fezes, dor abdominal, uma massa abdominal palpável, perda de peso e anemia.

“O ideal, no entanto, é que o tumor seja diagnosticado em pacientes sem sintomas, e o melhor método é pela colonoscopia, que examina o intestino grosso”, indica o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer (IVOC). “É um exame recomendado a partir dos 45 a 50 anos, para detectar os pólipos, lesões que podem ser pré-malignas e, quando retiradas, apresentam uma diminuição significativa da chance de desenvolvimento do câncer”, ressalta o médico. Atualmente, alguns médicos já adotam a recomendação para que pessoas acima de 45 anos façam o exame de sangue oculto nas fezes.

O câncer colorretal pode apresentar componentes hereditários. Cerca de um em cada cinco pacientes tem outros parentes com esse tipo de câncer. O risco é maior quando o familiar é de primeiro grau, tem menos de 60 anos ou quando existem dois ou mais parentes acometidos pela doença. Em boa parte dos casos, os fatores de risco são controláveis, como o sedentarismo, o consumo aumentado de carnes vermelhas e embutidos, a obesidade, uma dieta pobre em frutas legumes e verduras e o tabagismo.

O tratamento do câncer colorretal envolve o trabalho de uma equipe multidisciplinar. No caso de Suely, contou com o suporte de oncologista, radioterapeuta, nutricionista e enfermeira. A primeira etapa do tratamento durou 28 dias, com sessões de radioterapia e quimioterapia oral. Era uma preparação para a cirurgia. 

“Toda vez que ia começar a radioterapia, eu pensava assim: ‘em tudo, Deus na frente’. Foram todos os 28 dias fazendo essa pequena oração. A medicação também não me deu reação nenhuma. E eu estava com tanto medo e todo dia, antes de tomar os comprimidos, eu e meu marido fazíamos o sinal da cruz”, conta a paciente.

“Quando passei pela consulta da enfermagem, eu estava ainda muito nervosa, mas era nervoso porque teria de colocar a ‘bolsinha’ temida”, relata Suely. Alguns pacientes com câncer colorretal precisam de uma estomia, procedimento cirúrgico realizado quando é preciso construir um novo trajeto para eliminar as fezes, que pode ser temporário ou permanente. A ‘bolsinha’ citada por Suely é a bolsa coletora, que funciona como uma extensão do corpo e recebe os resíduos.

A enfermeira estomaterapeuta Mônica Ricarte foi a responsável por auxiliar Suely no cuidado com a estomia. “Ressaltamos sempre a importância do cuidado e do paciente conhecer seu corpo e seus hábitos. O cuidado da pessoa com estomia pode parecer simples, mas é cheio de especificidades. Geralmente pegamos um paciente num momento muito delicado da vida. Precisamos ter sensibilidade para perceber como o paciente e a família estão para receber todas as informações”, destaca Mônica. “Mesmo antes do diagnóstico, um ato simples como avaliar a qualidade das fezes e observar se há sangramento pode ser decisivo para o prognóstico da doença. Se houver esse sinal, não o minimize e procure o médico. Mas, muitas vezes, o câncer colorretal tem característica de ser silencioso”, completa a enfermeira.

A cirurgia de Suely para retirada do tumor ocorreu normalmente no mês de agosto de 2018, mas depois de alguns dias ela começou a sentir muitas dores. “Tomava medicamentos até sete vezes ao dia. Melhorava um pouco, mas logo a dor voltava. Fui ao centro médico umas quatro vezes de madrugada, pois a dor era muito forte”, relata. Menos de duas semanas após a alta, a paciente foi novamente internada para outra cirurgia: um ponto interno que havia rompido causava as dores. “Saí com dreno do hospital depois de uma semana, pois tinha muita secreção. Fiquei dois meses na casa da minha irmã, que foi quem cuidou de mim, pois não tenho filhos. O curativo era trocado a cada três dias. Não conseguia sentar e só dormia do lado direito . Chorava muito e só queria tomar remédios pra aliviar as dores”, conta Suely. Por indicação do proctologista, iniciou um tratamento com oxigenoterapia hiperbárica, que auxiliou na cicatrização da ferida onde estava o dreno. 

A reversão da estomia foi feita em meados de dezembro de 2018. A cirurgia foi um sucesso, mas Suely precisou passar por uma nova adaptação. “O intestino tinha que começar funcionar por ele mesmo depois de cinco meses parado. Muitas vezes não dava tempo de chegar ao banheiro”, relembra. Durante quatro meses, evitou sair de casa, até voltar à rotina normal. 

“Hoje estou hiper bem, fazendo meus exames de sangue cada três meses e tendo um resultado maravilhoso, está tudo normal. Na última vez que fui à médica oncologista ela me disse que dá orgulho ver um resultado tão bom quanto o meu”, comemora. Suely acredita que o pensamento positivo e a parceria com a equipe de saúde foram decisivos para o sucesso do seu tratamento. “Sou grata a todos que com tanto carinho me deram toda atenção do mundo. E posso dizer com certeza que tudo é suportável, basta a gente acreditar, ter fé e colocar tudo na mão de Deus”.

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