Luciana Castelli Assmann
Os hormônios estão presentes na vida da mulher desde muito cedo. O estrogênio e a progesterona desempenham papéis essenciais desde a primeira menstruação, influenciando o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos e preparando o corpo para a gravidez.
Estes hormônios permanecem ativos durante um longo período, estimulando as células mamárias e persistindo até a menopausa, quando a produção hormonal diminui. A queda dos níveis hormonais após os 50 anos coincide com o aumento do risco de câncer de mama.
A terapia de reposição hormonal tornou-se uma alternativa para mulheres desta faixa etária que desejam aliviar sintomas, como ondas de calor e alterações de humor. No entanto, provou-se que essa prática pode também aumentar o risco de câncer de mama, especialmente devido ao estrogênio. Portanto, é crucial que seu uso seja individualizado e supervisionado pelo médico, evitando tratamentos prolongados, especialmente em mulheres com histórico de câncer de mama.
Mas qual é o papel do exercício físico neste contexto? A atividade física pode, e deve, ser considerada como uma excelente alternativa para aliviar os sintomas da menopausa e melhorar a qualidade de vida, diminuindo riscos, já que muitos tumores respondem justamente aos hormônios.
A prática regular da atividade física oferece diversos benefícios, como aprimoramento da memória, concentração e bem-estar, além de fortalecer músculos e reduzir o estresse, impactando positivamente a ação dos hormônios. Tanto o exercício resistido quanto o aeróbio são recomendados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia para manter esse equilíbrio.
O exercício resistido, praticado com pesos, promove potência, resistência muscular e aumento de massa magra, enquanto os aeróbios melhoram o sistema cardiorrespiratório. Ambos devem ser praticados de maneira complementar. A atividade física regular previne e trata doenças endócrinas, como obesidade, diabetes e síndrome dos ovários policísticos, reduzindo a resistência à insulina e agindo como antioxidante.
Além disso, contribui aumentando a produção natural de agentes ligados diretamente ao ganho de massa magra: testosterona e GH (hormônio fundamental na manutenção da composição corporal). Isso equilibra a progesterona, importante para o controle de peso e energia. Os exercícios intensos intensificam ainda mais a liberação de GH, que queima gordura e atua como agente anabólico, enquanto reduzem a insulina e mantêm o cortisol sob controle.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, estamos cada vez mais sedentários. Mulheres diagnosticadas com câncer de mama e que sofrem com obesidade apresentam maiores riscos de reincidência da doença.
Nem todo mundo tem uma atividade física apaixonante o suficiente que motive sair mais cedo da cama ou que supere o cansaço do final do dia. Mas precisamos falar sobre esse assunto. São muitas as evidências científicas sobre os benefícios da prática da atividade física na prevenção e controle do câncer. Praticar exercícios físicos regularmente é uma estratégia eficiente para a manutenção da sua saúde.
Luciana Castelli Assmann é Educadora Física especialista em Oncologia, membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer
