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Imunoterapia: tipos de tumores em que atua, quando não funciona, efeitos colaterais e a importância do microbioma intestinal

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Evento do Instituto Vencer o Câncer abordou esses temas e questões sobre o tratamento.

A imunoterapia é a grande conquista da oncologia nos últimos anos, mudando para melhor os tratamentos, aumentando a sobrevida e a chance de cura. No entanto, ainda há muitos questionamentos: em que tipos de tumores traz resultados? Por que em outros cânceres não funciona? Quais os efeitos colaterais? Além das questões relacionadas às condições médicas, os pacientes têm dúvidas sobre o impacto da alimentação e do efeito do sistema emocional sobre o sistema imunológico.

Esses foram os grandes temas abordados pelo oncologista Antonio Buzaid, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer (IVOC), na 3ª edição do evento Imunoterapia de A a Z promovido pelo IVOC. A edição deste ano foi online, realizada no dia 14 de setembro, e contou com a moderação da jornalista Natalia Cuminale.

“A imunoterapia é a estratégia mais promissora no que concerne ao potencial de remissão de longo prazo (ou mesmo cura) de vários cânceres”, alerta Buzaid, ao destacar que é o tratamento do futuro, porque o princípio primeiro do desenvolvimento do câncer é uma falha no sistema imune. “A imunoterapia, nos casos em que funciona, é fantástica; e quanto menor o volume de câncer que o paciente tem, maior a chance de cura”.

Buzaid ressalta que já é usada em diversos tipos de cânceres, como o de pulmão, citando como exemplo a apresentadora Ana Maria Braga, que fez tratamento com quimioterapia e imunoterapia. “A Ana Maria teve resposta completa, está zerada”, comemora. 

O oncologista avisa que esse tipo de medicamento também tem apresentado bons resultados em vários outros tipos de câncer como melanoma, câncer de rim, câncer de bexiga, câncer de fígado, câncer de pele de células escamosas, câncer de Merkel (tipo de câncer de pele agressivo), e doença de Hodgkin, dentre outros. 

Em alguns casos de câncer colorretal, que têm estabilidade de microssatélites – corresponde a cerca de 5% do total -, a imunoterapia tem demonstrado melhor resultado que a quimioterapia, acrescenta Buzaid. Também em alguns tipos de câncer de esôfago e estômago, com características específicas, a imunoterapia pode ser benéfica. No câncer de mama, é indicada para pacientes com o subtipo triplo negativo, bastante agressivo e que representa cerca de 13% dos casos.

Para a leucemia e linfoma, cita uma técnica de terapia gênica chamada CAR T-cell. “Ainda não temos no Brasil, mas vamos ter em futuro próximo. Cura uma fração de leucemia linfóide aguda e alguns tipos de linfomas agressivos”.

 

Como funciona: porque não resolve em alguns tumores e efeitos colaterais

Buzaid afirma que a imunoterapia não é usada nos casos em que ainda não se conseguiu descobrir o mecanismo de escape do tumor, como no câncer de pâncreas. “Precisa entender em cada câncer o que ele usa para escapar ao ataque do sistema imune. Estão sendo estudados outros mecanismos de escape. Entendendo porque o sistema imune falhou e o mecanismo usado pelo câncer para escapar, conseguiremos desenvolver medicamentos mais eficazes e tratar estes tumores”.

O efeito colateral da imunoterapia acontece quando o sistema imune fica superativado e começa a atacar não apenas o tumor, mas também o próprio organismo. O oncologista explica que é raro, mas pode ser fatal e, por isso, diante de qualquer sintoma, chamado fenômeno imunomediado, o médico vai esfriar o sistema imune para que deixe de ficar excessivamente ativado. O medicamento mais usado para esse esfriamento é a cortisona. “Mesmo quando precisamos esfriar, não quer dizer que o tratamento não vai funcionar, porque antes de atacar o organismo, já atacou o tumor”.  Em alguns tratamentos são usadas duas imunoterapias, o que aumenta a chance de ter efeito colateral. 

Nesse ataque ao próprio organismo que o sistema imune faz, pode afetar, por exemplo, o intestino, provocando diarreia; enfraquecer a hipófise e a tiróide; atacar o fígado, causando hepatite. Qualquer órgão pode ser afetado. 

O tratamento imunoterápico é coberto pelas seguradoras (planos de saúde) em algumas indicações precisas, mas não tem disponível no SUS ainda. “Deve entrar eventualmente”, comenta o médico. “Estamos todos colocando pressão para que entre, o IVOC também está”.

 

Alimentos e emoções têm impacto?

Qual a melhor forma de estimular o sistema imune? Buzaid é enfático ao afirmar: cuidando do microbioma intestinal. Como se faz isso? Comendo bem, sem comer ‘porcarias’: “Coma o que tem na natureza”.

A recomendação é comer bastante saladas, fibras, frutas, vegetais. É ruim: carne vermelha e carboidrato livre, que o oncologista considera o maior veneno do século.

O cuidado com o microbioma intestinal, com uma boa alimentação, ajuda também no tratamento de imunoterapia, pois o microbioma é fundamental para a eficácia dos remédios.

Para quem sempre se alimentou mal, a boa notícia é que semanas depois de melhorar a alimentação o microbioma começa a ficar saudável. “O microbioma intestinal é de grande importância na resposta imune. temos que aprender a usar este aliado de modo mais eficaz”.

Quanto à possibilidade de o sistema emocional afetar o sistema imunológico, o médico afirma que não há evidência cabal, mas que alguns médicos – ele inclusive – acreditam que o equilíbrio emocional pode ajudar, extrapolando experiências feitas com ratos. “Quando se estressa o rato na gaiola, o sistema imune não funciona bem. O rato é 90% parecido com a gente”. Para equilibrar o sistema emocional, a indicação é buscar opções como yoga, relaxamento e meditação.

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