back to top

Prevenção e cuidados no câncer de pele melanoma – muito além da atenção na exposição ao sol

spot_img

Você já fez uma avaliação completa em todas as suas pintas? Responder, sim, a essa pergunta é essencial para os cuidados em relação ao câncer de pele melanoma, com a consciência de que não se limitam à prevenção com o uso de protetor solar e atenção na exposição ao sol. O ideal é fazer essa checagem periodicamente com um dermatologista – anualmente, para quem tem fatores de risco para melanoma.

“No consultório acontece muito frequentemente de pacientes falarem que já têm dermatologistas que cuidam da parte estética, mas que o profissional não vê as pintas”, destaca o dermatologista Elimar Gomes, coordenador do grupo de dermatologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Para superar esse obstáculo, ele dá um conselho: que a pessoa faça seu check up em centros especializados em Oncologia, para ser examinada por completo. “Para quem se encaixa nos fatores de risco para desenvolvimento de melanoma ou histórico pessoal, familiar, eu recomendo procurar um dermatologista em um centro oncológico especializado, pelo menos para uma avaliação anual, fazer uma checagem de todas as pintas e exame de dermatoscopia associado à consulta, que é o ideal”, avisa, ressaltando que os núcleos de câncer de pele estão crescendo nos hospitais oncológicos e muitos atendem diversos planos de saúde.

Outra dica do dermatologista, também voltada a pessoas com alto risco de desenvolver melanoma, é utilizar protetor solar com fatores de proteção mais altos. Elimar Gomes explica que o fator 30 é indicado para a população em geral, mas para quem tem alto risco, a pele é muito clara, a recomendação é usar fatores acima de 70 ou 90 em situações de exposição, para garantir uma segurança bem maior.

Essa indicação chega principalmente depois de estudos demonstrando que as pessoas costumam errar na hora de aplicar o produto, utilizando uma quantidade menor do que é necessária para se proteger, quando o certo seria uma colher de chá ou fazer uma camada dupla. “Estudos mostram que fatores de proteção acima de 70 ajudam a compensar um pouco essa falha da aplicação”, avisa o dermatologista. “Quando passa um protetor com fator 30 com a metade da quantidade, não protege 15, mas apenas cerca de 6 ou 7. Quando usa um fator 70 com metade da dose, protege cerca de 30”.

Diagnóstico precoce, sempre

Enquanto novos estudos podem indicar formas melhores para se proteger, um aspecto não muda: quanto mais precoce o diagnóstico, melhor para o paciente, mais chances de bons resultados no tratamento, que é cirúrgico quando a lesão é inicial.

Outra mudança, afirma Elimar Gomes, foi a atualização do Instituto Nacional de Câncer (Inca) em relação ao número de casos: a estimativa 2023-2025 para cada ano é de 4.640 novos casos de câncer de pele melanoma para homens, representando 0,7% entre os tipos de câncer para esse público, e 4.340 em mulheres, com índice de 1,8%. “Houve elevação no número de casos esperados, não muito alta, mas continuamos acreditando que os dados são subestimados”.

Outra percepção, resultado da observação clínica, foi o aumento da descoberta de casos avançados, por conta da pandemia, principalmente no sistema público, porque muitos ficaram sem acesso ao atendimento de saúde.

O oncologista Antonio Buzaid, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer, explica que apesar de ser menos frequente, o melanoma está entre os cânceres de pele mais graves devido à maior chance de se disseminar pelo corpo e se alojar em outros órgãos.

Evolução nos tratamentos

Uma boa notícia em relação a esse tumor foi a aprovação, em outubro de 2022, de tratamento adjuvante com imunoterapia para pacientes com melanoma no estadio II, com linfonodo sentinela negativo, que antes só contavam com acompanhamento. O medicamento, que já era aprovado para pacientes em estadio III com linfonodo sentinela positivo, é feito por um ano após o tratamento cirúrgico, para redução do risco de recidiva.

Essa nova estratégia se une a outras que têm oferecido um prognóstico melhor aos pacientes.

A imunoterapia, esclarece Buzaid, é um tratamento que estimula a ação do sistema imune para que reconheça e combata as células do tumor. “A imunoterapia, assim como a terapia-alvo, está bem consolidada na doença avançada, quando há acometimento de outros órgãos além da pele. Devido aos progressos, essas estratégias de tratamento vêm sendo antecipadas para uso na doença mais localizada, para impedir o surgimento de metástase e aumentar a chance de cura”, diz. “Nos pacientes que têm apenas uma lesão de pele mais superficial, realiza-se somente a cirurgia. Naqueles que têm lesão de pele com acometimento mais profundo, pode-se considerar o uso de pembrolizumabe preventivo (adjuvante) depois de retirada a lesão”.

O mesmo com pacientes que têm melanoma de maior risco, em que a doença acomete os gânglios próximos à lesão inicial ou se dissemina na pele. Além do tratamento adjuvante após a cirurgia, Buzaid enfoca a estratégia mais promissora de aplicar imunoterapia antes da cirurgia – tratamento neoadjuvante. Ele acrescenta que essa neoadjuvância é bastante eficaz e possibilita reduzir o tempo e a toxicidade do tratamento para muitos pacientes. 

“Essas opções demonstram que o manejo do melanoma vem evoluindo gradualmente nos últimos anos, com terapias cada vez mais eficazes, resultando em cura mesmo para pacientes com doença avançada”, conclui o oncologista.

spot_img

Posts Relacionados

Posts populares no site

spot_img

Posts Populares na categoria