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Nesse mês da mulher, dê uma atenção especial a você: cuidados com a saúde feminina

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O Instituto Vencer o Câncer aproveita o Mês da Mulher para lhe fazer um convite: dar uma atenção especial a você, observar com carinho o seu corpo, preparar a agenda anual de exames de rotina. Já cuidou da consulta com a sua ginecologista esse ano? Os exames estão em dia? 

Para tratar da importância dos cuidados com a saúde feminina, dicas e orientações sobre os tumores femininos mais frequentes – câncer de mama e de colo de útero – do especialista Fabricio Palermo Brenelli, mastologista da Unicamp e da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer. 

Câncer de mama: olhar mais atento às jovens

Câncer feminino mais comum, é bastante prevalente no Brasil e um tumor mais associado a países em desenvolvimento e desenvolvidos. “Espera-se este ano 73 mil novos casos de câncer de mama”, cita Fabricio Brenelli. 

Ele chama atenção para um diferencial do país em relação a outros locais do mundo: enquanto globalmente o câncer de mama é mais comum em torno dos 50 e 60 anos, no Brasil quase metade dos casos é em mulheres abaixo dos 50 anos. “Esse fato nos leva a discutir as indicações de rastreamento”, pondera. 

“Hoje o Ministério da Saúde indica realização de mamografia em mulheres, anualmente, dos 50 aos 70 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia, juntamente com o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendam realizar a partir dos 40 anos, porque temos uma incidência maior em mulheres mais jovens, uma grande população com esse tumor abaixo dos 50 anos, diferente da Europa e dos Estados Unidos”, ressalta o especialista, citando o estudo Epidemiological Analyses Reveal a High Incidence of Breast Cancer in Young Women in Brazi

Segundo Fabricio Brenelli, a falta de um olhar mais atento às mulheres mais jovens, sem avaliação de um especialista por não considerar a possibilidade de um câncer de mama, leva muitas vezes ao crescimento do nódulo e quando o diagnóstico é feito, o tumor está mais avançado.

Câncer de colo de útero: exame e vacina mudam história da doença

Fabricio Brenelli explica que houve uma queda importante na incidência do câncer de colo de útero nos últimos 20 a 30 anos, relacionada principalmente ao Papanicolau. “A realização do exame na mulher que já menstrua e tem vida sexual ativa consegue detectar um câncer em estágio bem inicial, detectar alterações até 10 anos antes de virar um câncer. É um exame de prevenção”. 

  • O Papanicolau deve ser realizado anualmente por mulheres que já começaram uma vida sexual ativa. 
  • Este tumor está diretamente relacionado ao HPV e a principal forma de transmissão desse vírus é sexual. Ele causa inflamação crônica, alterações no colo do útero que, se não forem tratadas, ao longo dos anos podem virar câncer.

“Algumas sociedades consideram realizar Papanicolau a cada dois ou três anos depois que a mulher tem a prole constituída, em mulheres que estão entrando na menopausa e têm parceiro sexual fixo. Sem contato com outros parceiros, a chance de se contaminar com HPV passa a ser bem menor”, diz o mastologista. A maior incidência desse tumor se dá entre os 30-40 anos. Essas são as recomendações gerais, mas a mulher que após essa fase tem outros parceiros, que pode estar mais exposta ao vírus, deve avaliar com a ginecologista a melhor periodicidade para realização do exame.

O mastologista comemora o fato de atualmente termos uma prevenção ainda maior com a vacinação contra o HPV, que protege contra os tipos mais associados ao câncer de colo de útero e possui uma ótima eficácia para redução do tumor. “Anteriormente apenas detectávamos a lesão antes de virar câncer e hoje estamos evitando que essa mulher se contamine com o vírus. Por isso é um câncer que vem desaparecendo nos países ricos e em crescimento, está mais associado a países mais pobres ou populações com menos assistência à saúde”.

Para ampliar a disseminação de informações e a cobertura da vacina, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o Instituto Vencer o Câncer realiza a campanha Unidos pela Vacina HPV e Prevenção do Câncer .

Atenção mulheres: cuidados e prevenção em doenças oncológicas

Siga essas dicas do mastologista Fabricio Brenelli para garantir sua saúde e prevenir doenças:

  • Sabemos que o estilo de vida é extremamente importante em relação aos vários tipos de câncer, incluindo os ginecológicos. Mantenha um estilo de vida saudável, com boa alimentação e prática de atividade física, que ajudam a reduzir, por exemplo, os riscos de desenvolver câncer de mama e de endométrio.
  • Mulheres mais novas devem se vacinar contra o HPV para reduzir o risco de câncer de colo de útero.
  • A partir dos 40 anos é importante as mulheres realizarem mamografia e terem um clínico que as acompanhe.
  • Se tiver casos na família de câncer de mama e de ovário – por exemplo mães, irmãs, principalmente parentes em primeiro grau – ou vários casos de câncer na família, a mulher deve procurar um mastologista em idade mais precoce para buscar identificar se existe alguma relação com herança genética de tumores e ter acompanhamento personalizado mais cedo.
  • As mulheres devem conhecer sua mama – orientamos a palparem, se tocarem para conhecer o corpo e caso haja algo diferente elas possam notar rapidamente, procurar um mastologista e fazer uma investigação aprofundada.

SUS: O que seria o mundo ideal? Rastreamento ativo 

O mastologista lembra que os exames de rastreamento como mamografia e Papanicolau estão disponíveis no SUS, é uma obrigação do Estado oferecer e um direito da mulher fazer. O ideal, avalia, seria ter rastreamento ativo, com um formato em que os centros de saúde possuiriam cadastro com as pacientes da região e buscariam essas pacientes para fazer os exames, de acordo com a idade e periodicidade recomendada. 

“Isso seria um rastreamento organizado. Temos um rastreamento oportunístico; fazemos campanhas, orientamos as pacientes e quem tem consciência e informação vai fazer. Mas as mulheres não são convocadas para realizar os exames e isso pode gerar uma diferença importante em relação ao que temos, em que não é o Estado que vai atrás da mulher, mas a mulher que precisa ir atrás do exame”.

SUS: o grande gargalo nas doenças oncológicas

Segundo Fabricio Brenelli, um dos grandes gargalos para a paciente no sistema público aparece no momento em que ela tem o resultado do exame alterado. “Até ela ser encaminhada para um ponto em que faça a biópsia, receber o resultado e ser encaminhada para um centro oncológico, esse tempo pode ser longo. Nessa jornada podem passar meses, que fazem a diferença para o tratamento e a cura. Acho que nesse ponto realmente precisamos intervir como sociedade civil e serviço público”.

A partir desse ponto, com o diagnóstico, a legislação determina que ela tem 60 dias para ser tratada. “A lei é bastante respeitada nos centros de tratamento de câncer. Porém não existe uma lei que estabeleça um prazo entre a data da marcação da mamografia, a realização da biópsia e a chegada do resultado. Talvez dentro do sistema público um dos maiores problemas seja essa paciente chegar a um centro de atendimento oncológico”. 

Por isso, considera o grande desafio diminuir esse tempo. “Depois que a paciente entra num centro oncológico, a lei dos 60 dias é bastante rígida e funciona, mas funciona da porta para dentro. O problema é o que acontece antes. Precisamos sempre lembrar que quanto mais precocemente tivermos o diagnóstico, maiores são as chances de cura e menor o tratamento, com um tratamento menos agressivo”.

Viviane Pereira

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