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Histórias inspiradoras para celebrar o Dia Internacional da Mulher

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Mulheres inspiram mulheres. A força de uma mulher, compartilhada, se multiplica e ajuda a sustentar uma rede de apoio e inspiração. É por isso que nesse Dia Internacional da Mulher o Instituto Vencer o Câncer segue na sua missão de difundir lindas histórias, que contam os desafios, mas também as conquistas e transformações de pacientes oncológicas, como a bela jornada de Andreia.

Andreia de Siqueira, 48 anos, está nessa estrada há 16 anos: teve Linfoma de Hodgkin em 2008, enfrentou uma parada no rim em 2012, teve AVC isquêmico em 2017, câncer de mama e de colo de útero em 2021 – descobriu ambos em 24 horas -, e uma recidiva do câncer de mama no ano passado, em 2023. Teve também – e ainda mantém -, durante todos esses anos, muita esperança. “Tem horas que nem lembro que tenho essa doença. A gente precisa ser firme e forte”, diz sorridente.

“O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres no Brasil, tirando o câncer de pele não melanoma. Os principais tumores femininos no país são o câncer de mama e de colo de útero”, avisa Fabricio Palermo Brenelli, mastologista da Unicamp e da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.

Imagem mostra: Andreia do relato a cima.A força que brota da esperança

Tudo começou em 2008. Andreia de Siqueira se lembra quando sentiu um caroço no pescoço, muito grande, mas que não doía e por isso não deu importância. “Eu trabalhava na casa da minha irmã e um dia ela falou: se você não for no médico, não precisa mais vir na minha casa”. Andreia foi ao médico, fez biópsia e descobriu que tinha Linfoma de Hodgkin. Passou por quimioterapia e radioterapia e seguiu com acompanhamento até que teve alta em 2016.

No meio do caminho, em 2012, o rim esquerdo parou – ela diz não saber se foi efeito do remédio, mas lembra que tinha muitas cólicas renais. “Quando o médico me disse que iria tirar o meu rim, eu só falei: ‘Que seja feita a vontade de Deus’. Eu tenho muita fé”. Na volta do centro cirúrgico, ao entregar uma pequena pedrinha, o médico quis saber o que ela tinha pedido, porque quando foi tirar o rim, ele voltou a funcionar. “Ficou seis meses parado, ainda antes de eu ir para o centro cirúrgico o médico fez ultrassom e viu que estava parado. Tinha uma pedra bem pequena, que ele tirou e quando voltou para tirar o meu rim, estava funcionando”, conta com grande felicidade.

No ano seguinte de ter recebido alta do linfoma, em 2017, Andreia sofre um AVC isquêmico. “Minha pressão é muito alta, eram tantos problemas, meu pai faleceu, eu ficava muito nervosa, tinha um casamento bastante conturbado. Eu me separei depois que tive AVC”.

Em fevereiro de 2021, ao sentir um caroço na mama fez mamografia, que não apontou nenhum problema. “Em junho, um dia fui tomar banho, tirei o sutiã e tinha vazado pus. Fiquei desesperada”. Descobriu um câncer de mama e o tumor estava com 7,5 centímetros. “Minha médica acredita que fizeram errado a mamografia”. 

No dia seguinte foi ao ginecologista novamente porque estava com muito sangramento. “Eu tinha trauma de Papanicolau, não fazia havia dez anos porque antes sempre me machucava no exame”, afirma. “O médico disse para eu me deitar, que faria o Papanicolau. Na hora que ele acendeu a lâmpada, nem tinha colocado a mão, e falou: ‘você está com um câncer enorme de colo de útero’. Eu não conseguia acreditar. Em 24 horas descobri os dois tumores. Chorei na hora, depois falei: vamos que vamos, veremos o que vai acontecer agora”.

“E agora, qual dos dois será tratado primeiro?” era a resposta que Andreia buscava. A equipe médica decidiu começar o tratamento pelo câncer de colo de útero, porque já tinha afetado internamente a vagina. 

A paciente fez oito quimioterapias, 32 radioterapias e quatro braquiterapias, terminando os tratamentos em 19 de janeiro de 2022. Alguns dias depois, em consulta com a oncologista ginecológica, a médica ficou surpresa ao olhar a ressonância e constatar que não havia mais nada no colo do útero. Ela continua em seguimento trimestralmente.

No dia 16 de maio do mesmo ano Andreia passou por cirurgia de mastectomia radical, tirando toda a mama e 22 linfonodos embaixo da axila. “Era para ter operado em março, cheguei a ir para o centro cirúrgico, mas minha pressão estava multo alta”. A quimioterapia que ela fez para o colo do útero ajudou a reduzir o tumor da mama, que passou de 7,5 centímetros no diagnóstico para 2,5 centímetros no dia da cirurgia.

O radiologista disse que se ela fizesse radioterapia teria futuramente risco de câncer de tórax, pelo excesso de radioatividade, somando-se às que já tinha realizado para tratar o linfoma e o útero. Como alguns parentes tiveram câncer e faleceram, a família e os amigos contribuíram com uma “vaquinha” para que ela passasse por um oncogeneticista, mas os testes não apontaram questões genéticas.

“Eu não fiz radioterapia. Em maio de 2023 senti novamente um carocinho na mama que tinha feito mastectomia. Era câncer novamente, na mama que eu tirei. Fiquei desesperada”. Apesar da biópsia ter sido negativa para câncer, a médica achou que poderia ser e fez uma cirurgia simples no dia 14 de agosto, tirou o caroço que, enviado para biópsia, confirmou outro carcinoma. A paciente fez 28 sessões de radioterapias e passa por acompanhamento.

Entre altos e baixos, Andreia segue confiante. Alguns dias após a nossa entrevista ela iria saber o resultado de novos exames – logo depois, perguntei como foi a consulta. “Deu uns nódulos no fígado, vou fazer biópsia. E creio que não será nada”, respondeu confiante. Sua força, afirma, vem da sua fé. “Quando eu chegava no hospital a médica me chamava de fortaleza. Falava: ‘olha para você, não parece que tem nada. Não tem nem a pele manchada de uma pessoa que está passando por isso’. Eu respondia: ‘Doutora, eu tenho muita fé’”.

Ela não vê o câncer como uma sentença de morte e decidiu que não vai deixar de viver. “Vivo como se fosse o último dia e penso muito nos meus filhos. Minha força vem deles. Tenho três filhos: o Anderson de 31 anos, o Lucas de 28 e a Maria Eduarda de 21. E já tenho neto. A morte chegará para todos nós, mas não adianta ficar pensando ‘vou morrer porque estou com câncer’. Morrer todos vamos, mas temos que viver!”. 

Aos pacientes que enfrentam esses desafios, deixa sua mensagem: “O câncer é uma doença que destrói o corpo de uma pessoa, mas não consegue destruir o sonho de quem luta pela vida. Que a esperança seja seu melhor remédio”.

 

Viviane Pereira

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