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Feito o diagnóstico, é essencial avaliar a extensão da doença. Este processo é chamado de estadiamento e é de grande importância, pois dele dependerá a estratégia de tratamento. Os métodos usados no estadiamento podem ser clínicos, cirúrgicos e anatomopatológicos.

Estadiamento clínico

Nesta fase, haverá necessidade de um exame clínico cuidadoso para verificar se há nódulos palpáveis sob a pele e linfonodos aumentados (gânglios, ínguas) em alguma região, assim como exames de imagem para afastar a possibilidade de comprometimento de órgãos internos.

Com base nessa pesquisa, os tumores malignos costumam ser classificados em estádios de I a IV (embora existam outras classificações para certos tumores). Os tumores mais iniciais são classificados como estádio clínico I; os que se encontram em fase intermediária vão para os estádios II e III; e os casos mais avançados, geralmente com disseminação à distância, pertencem ao estádio clínico IV.

Vamos dar um exemplo: Uma mulher de 50 anos com um nódulo de 1 cm na mama esquerda, localizado, sem nenhuma evidência de comprometimento dos linfonodos da axila ou de qualquer outra estrutura, tem seu tumor incluído no estádio I.

Se o tumor tiver 3 cm, acompanhado de um linfonodo axilar de 2 cm com características tumorais, sem outras evidências de disseminação, irá para o estádio II. No entanto, se o mesmo tumor vier acompanhado de um grupo de linfonodos axilares que formam um conglomerado, o estádio será III.

Se em qualquer dos casos acima os exames mostrarem metástases nos ossos da bacia, no fígado, nos pulmões ou em outro órgão interno, o tumor receberá o estádio IV.

O estadiamento é muito importante para estimar a probabilidade de cura. Na mulher descrita no estádio I, os índices de cura podem chegar a 90%, número que pode cair progressivamente nos outros casos.

Para refinar ainda mais essas previsões de cura, cada estádio pode ser dividido em subestádios. Ainda no exemplo da mulher com câncer de mama no estádio I, a designação do tumor seria a seguinte: caso o tumor tivesse 0,4 cm sem comprometer os linfonodos, seria estádio IA; entretanto, se tivesse 1,5 cm, sem nenhum linfonodo microscopicamente comprometido, seria classificado como estádio IC.

Estadiamento cirúrgico

Uma grande variedade de procedimentos cirúrgicos pode ser empregada para definir com mais rigor o estádio em que a doença se apresenta.

Um portador de câncer de pulmão que apresente exames de imagem compatíveis com o comprometimento de linfonodos do mediastino (região entre os dois pulmões) pode ser submetido a uma endoscopia (mediastinoscopia) para realizar uma biópsia e examinar os linfonodos ao microscópio, antes da cirurgia definitiva.

Agulhas especiais permitem fazer biópsias através da pele, orientadas por ultrassonografia ou por tomografia computadorizada, para colher material de nódulos situados em órgãos internos (fígado, pulmões, linfonodos, ossos etc.) com muita segurança e pouco desconforto.

Estadiamento patológico

Nos tumores cujo tratamento inicial é a cirurgia, o fragmento do tumor retirado do paciente (peça operatória) é encaminhado ao laboratório para que o patologista analise as estruturas visíveis a olho nu (exame macroscópico) e realize o exame microscópico.

O resultado fornecerá dados muito mais precisos a respeito do estádio em que a doença se encontra.

Voltemos ao exemplo da mulher com câncer de mama aos 50 anos. Vimos que um tumor de 1 cm, na ausência de linfonodos palpáveis na axila, é classificado como estádio clínico I. Se, no entanto, o exame microscópico mostrar que há 12 linfonodos com focos da doença, o estádio será modificado para estádio patológico III.