A mamografia é um tipo específico de radiografia que utiliza baixas doses de raios X para examinar as mamas. O exame é utilizado basicamente para auxiliar na detecção precoce de tumores, antes de se tornarem palpáveis, quando as chances de cura são maiores.
Os avanços tecnológicos permitiram aprimorar a qualidade das imagens obtidas nas mamografias. O primeiro foi a mamografia digital, técnica em que o filme de raios X é substituído por detectores que os convertem em sinais elétricos para produzir imagens que serão analisadas na tela de um computador. O segundo foi o computer-aided detection (CAD), em que as imagens da mamografia são digitalizadas para que um software as analise, auxiliando o médico na detecção de possíveis alterações. O terceiro foi a tomossíntese, em que as radiografias da mama são realizadas em diversas incidências para aumentar a visibilidade das lesões que passariam despercebidas na mamografia convencional.
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO MAMOGRÁFICO
A mamografia desempenha um papel central na detecção precoce do câncer de mama em mulheres assintomáticas, pois é capaz de encontrar alterações na mama até dois anos antes de a paciente e o médico conseguirem palpá-las. O rastreamento (em inglês chamado de screening) consiste na realização periódica de mamografias em mulheres sem sintoma algum, na tentativa de detectar lesões precoces.
Embora tenham sido questionadas recentemente, as diretrizes mais seguidas pelos especialistas são as do Departamento Americano de Saúde e Serviços Humanos (DHHS), da Sociedade Americana de Câncer (ACS), da Associação Médica Americana (AMA) e do Colégio Americano de Radiologia (ACR), que recomendam a realização de mamografia anual para todas as mulheres a partir dos 40 anos, pois pesquisas revelam que as mamografias anuais permitem diagnosticar os tumores em fases iniciais, ainda curáveis por cirurgias conservadoras.
Mulheres que já tiveram câncer de mama e aquelas que apresentam histórico familiar da doença devem procurar o médico especialista para saber se precisam começar a detecção antes dos 40 anos e com que frequência o exame será repetido. Em alguns casos, existe a necessidade de iniciar o acompanhamento anual antes dos 40 anos.
A mamografia também pode ser utilizada para investigar nódulos, saída de secreção pelos mamilos, inchaço e outras alterações.
O EQUIPAMENTO
Uma unidade de mamografia é uma caixa retangular com o tubo emissor dos raios X que incidirão sobre as mamas, que são posicionadas e comprimidas sobre uma placa. Normalmente são obtidas quatro imagens, duas de cada mama.

Equipamento de mamografia.
O EXAME
Para realizar o exame, o técnico posiciona as mamas numa plataforma na qual serão comprimidas com uma espécie de placa (geralmente de acrílico ou plástico), para que as imagens apareçam com maior nitidez.

Exame de mamografia.
Mulheres com seios mais sensíveis podem sentir dor ou desconforto, na maioria das vezes amenizado quando o exame é realizado no período pós-menstrual. Embora possa causar desconforto, essa compressão dura apenas alguns segundos e não causa lesões. A compressão é essencial para a boa qualidade de imagem, pois evita imagens “borradas” e reduz a dose de radiação. Nos exames com compressão insuficiente, pode não ser possível evidenciar a presença de tumores. O procedimento tem duração estimada de 15 a 20 minutos.
Ocasionalmente, a paciente poderá ser chamada para complementar o exame. Embora cause muita ansiedade nas mulheres, o chamado não significa que foi encontrado um tumor maligno, quer dizer apenas que o radiologista não ficou satisfeito com as imagens obtidas ou que precisa estudar melhor determinada região. Na maioria das vezes, as imagens adicionais apenas confirmam um exame normal.
AS LIMITAÇÕES
Pelo menos 5% das mamografias requerem algum grau de complementação, por meio de incidências adicionais, ultrassonografia ou eventualmente ressonância nuclear magnética.
Uma mulher que tenha realizado mamografias anuais entre as idades de 40 e 49 anos tem cerca de 30% de probabilidade de ter uma delas com resultado falso-positivo. Um falso-positivo significa que, embora o aspecto na mamografia levante a possibilidade de um tumor maligno, na realidade o que há é um processo benigno. Nestes casos, somente uma biópsia consegue esclarecer a dúvida.
- As mulheres submetidas às mamografias periódicas têm 1% de chance de realizar uma biópsia da mama nesses dez anos;
- Imagens mamográficas normalmente não são suficientes para determinar com certeza a existência de uma lesão benigna ou maligna;
- É importante que o radiologista compare as imagens com as dos exames anteriores, motivo pelo qual é importante levá-los no dia de um novo exame.
Os implantes mamários dificultam a leitura, porque o silicone não é transparente aos raios X e pode bloquear a visão clara dos tecidos localizados atrás deles, especialmente se os implantes estiverem colocados na frente do músculo peitoral. Entretanto, apesar dessa dificuldade, o exame pode e deve ser realizado nas mulheres com silicone nas mamas. Nesses casos, talvez o médico possa complementar o exame com ultrassonografia ou ressonância nuclear magnética.
Embora a mamografia seja a melhor ferramenta disponível para o diagnóstico precoce, ela não detecta todos os cânceres de mama. Além dos possíveis resultados falsos-negativos, numa pequena porcentagem dos exames o resultado pode ser falso-positivo, isto é, sugere a presença de um tumor maligno inexistente.
É importante ressaltar que a mamografia faz apenas a suspeita de câncer, o diagnóstico deve ser confirmado obrigatoriamente por biópsia e exame anatomopatológico.
OS RISCOS
Há sempre um pequeno risco de câncer por exposição excessiva às radiações, mas o risco é cumulativo, porque aumenta a cada exposição. Por esse motivo, é preciso cuidado com os exames repetitivos.
Embora a dose de radiação efetiva de uma mamografia seja cerca de 20 vezes maior que a da radiografia convencional, ela ainda se encontra numa faixa segura de risco. Contudo, se houver possibilidade de a paciente estar grávida, é recomendável informar ao médico antes de ele pedir a mamografia.
Existe ainda uma desconfiança popular de que o uso de mamografia poderia causar o câncer de tireoide, mas esse medo é injustificado.