back to top

Importância do acompanhamento médico regular na prevenção e diagnóstico precoce do câncer

spot_img

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

Apesar de ser categorizada como uma doença que acomete em maior frequência a população acima dos 60 anos, o câncer pode afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou estilo de vida.

Neste sentido, dados ingleses apontam para um incremento de 22% nos novos casos de câncer em pessoas entre 25-49 anos de idade entre o início dos anos 1990 e o ano de 2018, enquanto o incremento foi de 9% na população acima de 75 anos no mesmo período.

As estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que ocorrerão 483 mil novos casos de câncer (excluindo-se os casos de câncer de pele do tipo não melanoma) para cada ano do triênio 2023 a 2025 no Brasil. Destacam-se como os tumores mais incidentes: câncer de mama (74 mil), câncer de próstata (72 mil), câncer de cólon e reto (46 mil), câncer de pulmão (32 mil) e câncer de estômago (21 mil casos novos).

Por trás desses dados, linhas de pesquisa vêm sendo desenvolvidas explorando o papel de mudanças no estilo de vida populacional como alguns de seus fatores etiológicos mais importantes.

Incluímos mudanças no hábito dietético, maior exposição a agentes carcinogênicos, aumento nos índices de obesidade populacional e também maior exposição a antibióticos (e consequente desregulação de microbioma).

Como o acompanhamento médico regular ajuda na prevenção do câncer

Apesar de alarmantes, esses números ressaltam a necessidade de maior atenção nos cuidados com a saúde como uma importante ferramenta na prevenção do câncer, além de permitir o diagnóstico precoce em casos de doença, sendo este um dos pontos de maior impacto positivo nas chances de cura.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 30-50% dos cânceres podem ser evitados, seja através de mudanças de hábitos de vida ou mesmo de protocolos de imunização. Alguns tumores estão associados a condições de infecções, como aqueles relacionados à infecção pelo papilomavirus humano (HPV), além de infecções pelos vírus das hepatites B e C (HBV e HCV) e a infeção pela bactéria Helicobacter pylori.

Desta maneira, a imunização através das vacinas contra o HPV (disponível no Sistema Único de Saúde [SUS] para meninos e meninas entre 9 e 14 anos de idade, bem como homens e mulheres imunossuprimidos até os 45 anos de idade) e a hepatite B (também disponível gratuitamente pelo SUS), o rastreamento e erradicação da infecção pelo H. pylori, através da endoscopia digestiva alta, devem ser promovidas como medidas de promoção de saúde e prevenção do câncer estimuladas no acompanhamento médico regular.

Também de extrema importância é a divulgação e o estímulo às mudanças de hábitos de vida durante o acompanhamento médico, dado o grande impacto que estes possuem na prevenção de diferentes tumores.

São medidas de conhecimento gerais, porém que devem ser reforçadas, tais como:

  • combate ao sobrepeso e obesidade;
  • promoção de atividades físicas (recomendação mínima da OMS: 150-300 minutos semanais de atividade física aeróbica moderada, ou 75-150 minutos semanais de atividade física aeróbica intensa, associados a treinamento de força resistido moderado ou mais intenso ≥ 2 dias na semana em indivíduos adultos);
  • melhora dos hábitos dietéticos (evitar o consumo de alimentos com gorduras saturadas, alimentos ultraprocessados, carne processada e produtos com altos índices de açúcar, além de reduzir o consumo de carne vermelha, bem como aumentar o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais e fibras);
  • cessação do tabagismo e suspensão ou moderação no consumo de álcool devem ser mensagens abordadas sempre no consultório médico quando se trata de prevenção do câncer.

Os benefícios do diagnóstico precoce

Outro papel fundamental do acompanhamento médico de rotina é no diagnóstico precoce de tumores através da detecção de alterações iniciais e implementação de exames de rastreamento, quando indicados.

Diferentes tipos de câncer têm suas chances de cura impactadas de maneira bastante relevante a partir do estágio em que são diagnosticados, como no caso do câncer de mama, por exemplo, em que as chances de cura são acima de 95% quando o diagnóstico ocorre em estágios precoces.

Desta maneira, os principais tumores e exames a serem realizados que demonstram impacto nas chances de cura quando promovidos a nível populacional são:

  • câncer de colo uterino (rastreamento pelo exame de colpocitologia ou Papanicolau);
  • câncer de mama (rastreamento pelo ultrassom das mamas e mamografia);
  • câncer de próstata (rastreamento através da dosagem do PSA e do exame do órgão);
  • câncer de cólon e reto (rastreamento através da colonoscopia);
  • câncer de pulmão (rastreamento com tomografia computadorizada do tórax em pessoas com história de tabagismo atual ou prévio).

Isso não limita o benefício do diagnóstico precoce apenas nestes tumores, pois é muito claro que, independente do tipo de câncer, o tratamento em estágios iniciais usualmente envolve maiores níveis de segurança e menores riscos de efeitos colaterais quando comparados aos tratamentos em casos de tumores em estágios avançados.

Cuide-se!

Em resumo, o papel do acompanhamento médico regular no cenário do câncer é muito grande. Apesar de esta ser uma doença repleta de preconceitos e estigmas, jamais deve ser adotada a postura passiva tal como baseada no ditado “quem procura, acha!”.

Atualmente, temos muitas evidências demonstrando que o benefício de medidas de promoção de saúde e prevenção de doenças em evitar ou mesmo aumentar as chances de cura do câncer. Aqui reforço: Quem procura, consegue evitar! Quem acha cedo, cura!

Daniel Vargas P. de Almeida é Médico Oncologista Clínico do Grupo Oncoclínicas de Brasília-DF e membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer

Leia também: Como fazer prevenção?

spot_img

Posts Relacionados

Posts populares no site

spot_img

Posts Populares na categoria