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InícioO que é câncerFatores de risco

Fatores de risco

O câncer é uma doença complexa e multifacetada que surge a partir de alterações genéticas nas células do corpo. Essas alterações podem ser influenciadas por uma combinação de fatores hereditários, ambientais e comportamentais. Esses são os fatores de risco de câncer.

É importante compreender que, embora qualquer célula do corpo possa, em teoria, transformar-se em uma célula cancerosa, o processo de desenvolvimento do câncer é longo e envolve múltiplas etapas.

Diversos fatores podem contribuir para o risco de desenvolvimento do câncer. Entre eles estão a exposição a substâncias carcinogênicas, como o tabaco e certos produtos químicos, a radiação, infecções por certos vírus e bactérias, além de predisposições genéticas herdadas de pais para filhos.

O estilo de vida também desempenha um papel crucial, com dietas inadequadas, falta de atividade física e consumo excessivo de álcool sendo reconhecidos como fatores de risco.

Mecanismos genéticos do câncer

A maioria dos tumores malignos é fruto da proliferação desenfreada de uma única célula que acumulou sucessivas mutações nos genes que controlam a divisão celular. Esses genes pertencem a três categorias:

Oncogenes

Mutações nos genes encarregados de disparar o processo de divisão das células podem levar à multiplicação desenfreada característica do câncer. Tais mutações não precisam ocorrer nos dois genes que formam o par, basta que um deles se altere para que o mecanismo seja ativado.

Genes supressores

Para que os genes que suprimem a divisão celular funcionem adequadamente, basta que um deles seja normal. Apenas quando a mutação atinge os dois genes do par é que eles se tornam inoperantes.

[relacionados] Essas mutações podem ser hereditárias ou adquiridas. A necessidade de que a mutação atinja os dois genes explica a concentração de determinados tipos de câncer em algumas famílias, como é o caso de pelo menos 5% dos cânceres de mama.

Uma menina que herda uma cópia defeituosa do gene supressor poderá desenvolver mamas normais à custa da outra cópia. Se aos 40 anos, por acaso, a cópia normal também sofrer mutação, a capacidade de frear a multiplicação celular ficará comprometida, e o risco de a paciente desenvolver câncer aumentará muito.

Genes de reparação do DNA

A integridade do DNA é tão essencial à preservação do organismo que as células contam com genes encarregados de produzir proteínas capazes de reconhecer, corrigir e eliminar as mutações genéticas que colocam em risco o controle da multiplicação celular. Quando esses genes sofrem mutações, podem tornar-se inativados e permitir que as mutações se acumulem.

O cigarro é o agente carcinogênico mais usado por mulheres e homens e é a principal causa de mortes prematuras evitáveis no mundo.

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Fumo

Na combustão do fumo há liberação de mais de 50 compostos cancerígenos capazes de provocar tumores malignos em seres humanos e em animais de laboratório. O cigarro é o agente carcinogênico mais usado por mulheres e homens e é a principal causa de mortes prematuras evitáveis no mundo. Cerca de 30% do número total de casos de câncer diagnosticados no mundo são causados pelo fumo.

O câncer de pulmão era uma doença rara até o início do século XX, mas hoje é o tipo de câncer que mais mata. Das mulheres e homens que desenvolvem esse tipo de câncer, 85% a 90% são fumantes ativos, ex-fumantes ou fumantes passivos.

O cigarro não causa apenas câncer de pulmão, mas também está associado aos tumores malignos que se instalam nos seguintes órgãos: boca, faringe, seios da face, esôfagoestômagopâncreaslaringe, traqueiarinsbexiga e até no colo uterino.

Fumantes passivos, embora apresentem um risco menor de desenvolver a doença, também ficam sujeitos ao aparecimento dos mesmos tipos de câncer.

Álcool

O abuso de álcool está ligado ao câncer de fígado, de esôfago, de mama e aos tumores malignos que se instalam nos órgãos da cabeça e do pescoço. O álcool tem efeito sinergístico com o fumo, isto é, um potencializa a atividade carcinogênica do outro.

Como a maioria dos alcoólatras fuma, a possibilidade de desenvolver câncer é um flagelo a mais na vida dos dependentes de álcool.

Alimentação

Alimentos estocados em condições inadequadas podem ser contaminados por um fungo (Aspergilus) que libera uma toxina cancerígena, a aflatoxina. Nos países asiáticos e africanos, a aflatoxina é uma das principais causas de câncer de fígado. Estima-se que, se fosse possível eliminar metade da aflatoxina presente em alimentos, haveria redução de 40% nos casos desse tipo de câncer nos dois continentes. O consumo de peixes e carnes conservadas em sal, picles, certos molhos e outros alimentos muito salgados está associado ao câncer de estômago e ao carcinoma de nasofaringe (tumor que se instala na parte mais alta da faringe). Por outro lado, alimentação rica em frutas e outros vegetais protege contra o aparecimento de diversos tipos de tumores.

Obesidade e vida sedentária

Comparadas com as sedentárias, mulheres que praticam pelo menos quatro horas de atividade física semanal durante os anos de vida reprodutiva têm risco 60% menor de desenvolver câncer de mama. Nas que já atingiram a menopausa, a prática de exercício físico também está associada a menor incidência, por causar diminuição dos níveis de estrógeno e da massa gordurosa. Por razões pouco conhecidas, obesidade e vida sedentária aumentam também a incidência de outros tipos de câncer. Combinados, os dois fatores são responsáveis por:

  • 20% dos casos de câncer de mama;
  • 50% dos carcinomas de endométrio (camada mucosa que reveste a parte interna do útero);
  • 25% dos tumores malignos do cólon (intestino grosso);
  • 37% dos casos de adenocarcinoma de esôfago, um tipo de câncer cuja incidência tem aumentado exponencialmente nos últimos anos.

Diversos tipos de tumores malignos ocorrem com mais frequência em um dos sexos. Câncer de mama, por exemplo, é doença raríssima em homens, enquanto em mulheres é um dos tipos mais frequentes. A diferença é atribuída à ação dos hormônios sexuais femininos (estrógeno e progesterona) produzidos em grandes quantidades durante o ciclo menstrual e em concentrações muito menores no organismo masculino.

A prevalência de câncer de estômago no homem é o dobro da existente entre as mulheres. É difícil separar a tendência inata a desenvolver certos cânceres das diferenças causadas por outros fatores de risco. Câncer de pulmão era muito mais comum em homens, no tempo em que as mulheres não fumavam. Hoje sabemos que a frequência entre fumantes é idêntica em ambos os sexos.

A exposição a agentes químicos dotados de atividade cancerígena pode ser dividida em três grupos:

Exposição na atividade industrial

Trabalhadores da indústria têxtil que manipulam corantes contendo certas aminas estão mais sujeitos ao câncer de bexiga.

Os que entram em contato com benzeno na indústria química e na fabricação de borracha correm risco maior de desenvolver leucemias e linfomas.

Os que estão expostos ao asbesto podem desenvolver câncer de pulmão e, caracteristicamente, mesotelioma de pleura, doença rara em quem não entra em contato com esse produto.

Exposição farmacológica

Nos anos 1960, o uso do hormônio dietilestilbestrol para prevenir o risco de abortamento provocou aumento da incidência de câncer de vagina durante a puberdade em meninas expostas ao hormônio durante a vida intrauterina.

Vários medicamentos imunossupressores e drogas utilizadas na quimioterapia podem induzir, no futuro, o aparecimento de leucemias, linfomas e outros tipos de câncer.

Felizmente, isso ocorre apenas em uma pequena parcela dos pacientes tratados com esses medicamentos.

Exposição ambiental

A relação direta entre a presença de poluentes no ar e o aumento da incidência de câncer é difícil de demonstrar, porque envolve fatores genéticos, sociais, econômicos e comportamentais.

Apesar das dificuldades, está claro que a poluição é responsável por cerca de 1% dos casos de câncer de pulmão.

Radiações solares

A exposição aos raios ultravioletas do sol é um importante fator de risco para o aparecimento de tumores malignos da pele. Quanto mais clara a pele, maior o dano provocado pelas radiações ultravioletas e maior o risco de câncer de pele nas áreas expostas.

Câncer de pele nos negros é bem mais raro do que nos brancos. Mais de 90% dos casos de melanoma (tumor que se origina em “pintas” da pele) são atribuídos à exposição intensa e intermitente aos raios solares, especialmente antes dos 15 anos de idade.

Outras radiações

Exposição aos raios X, à radiação gama e a partículas como elétrons, prótons, nêutrons e raios alfa pode provocar mutações nos proto-oncogenes e nos genes supressores, levando ao aparecimento de leucemias, linfomas, câncer de tireoide, câncer de pulmão, pele e mama, além de outros.

Damos o nome de carcinogênese à sucessão de eventos genéticos que transformam uma célula normal em maligna. A carcinogênese é um processo de alta complexidade que pode ser induzido por vários fatores.

Um fator de risco é um acontecimento ou característica pessoal que aumenta o risco de desenvolver câncer. Diferentes tumores apresentam diferentes fatores de risco.

Alguns, como cigarro e álcool, podem ser controlados; outros, como predisposição genética e idade, não. A presença de um ou mais fatores de risco não é condição necessária nem suficiente para o aparecimento do câncer: há pessoas com vários fatores de risco que não desenvolvem a doença, enquanto outras sem nenhum apresentam tumores graves.

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Fatores de risco mais relevantes para o surgimento do câncer. Embora raramente algumas pessoas possam nascer com um defeito genético herdado (mutação), os fatores mais importantes no aparecimento dos cânceres são fatores externos que em última instância levam a mutações ou alterações dos genes das células.

Data de publicação: 25/01/2023

Última atualização: 25/06/2024

Dr. Antonio Carlos Buzaid
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Antonio Carlos Buzaid é um destacado oncologista clínico, graduado pela Universidade de São Paulo, com experiência internacional nos EUA, onde foi diretor de centros especializados em melanoma e câncer de pulmão, além de professor na Universidade de Yale. No Brasil, dirigiu centros de oncologia nos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, e atualmente é diretor médico geral do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. CRM 45.405
Dr. Fernando Cotait Maluf
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Fernando Cotait Maluf é um renomado oncologista clínico, graduado pela Santa Casa de São Paulo, com doutorado em Urologia pela FMUSP. Ele foi chefe do Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica do Hospital Sírio Libanês e atualmente é diretor associado do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, além de membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e professor livre-docente na Santa Casa de São Paulo. CRM: 81.930